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É correta a decisão do governo paulista de liberar aulas presenciais para todos os alunos? SIM

Colégios abertos serão um dos grandes símbolos da vitória contra a Covid-19

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“O medo faz parte da vida da gente.” A frase é atribuída a Ayrton Senna, que entrava em curvas a quase 300 km/h na chuva. Ele tinha medo, mas o vencia a cada corrida. Depois de um ano e meio de pandemia, a ciência já nos dá referências para administrarmos nosso temor em relação ao vírus.

Deixemos de lado os clichês sobre a importância do ensino presencial, a inadequação das aulas online e os problemas que o isolamento causa às crianças para analisarmos o medo. O retorno das aulas presenciais é um dos melhores campos de prova para combatê-lo.

Diversos setores questionaram normas jurídicas de restrição ao seu funcionamento por parecerem rendição a um temor frente à Covid-19 em vez de integrarem uma política pública equilibrada.

Sustentaram que várias dessas restrições vieram desacompanhadas de estudos necessários para fundamentá-las, desrespeitando a exigência da lei federal da pandemia de apresentação de evidências científicas para qualquer limitação aos direitos dos cidadãos.

Quanto às aulas presenciais, a situação foi muito pior. Conjunto extenso e aprofundado de estudos, no Brasil e no exterior, demonstra que as escolas com protocolos são seguras para alunos e professores e que as crianças têm baixo índice de contágio e transmissão do Covid-19.

Ou seja, a decisão de fechar as unidades escolares não apenas carece de fundamentação científica como afronta a ciência. E mais: outros setores que reagiram às regras restritivas foram autorizados a abrir primeiro, independentemente de amparo epidemiológico.

Logo, do ponto de vista jurídico, manter as escolas fechadas é improbidade administrativa e crime de responsabilidade. Do ponto de vista do medo, não há qualquer justificativa. Se a sociedade não teme abrir shoppings, academias e restaurantes, não pode temer abrir escolas porque, repita-se, são lugares comprovadamente mais seguros.

Senna continua sua fala apontando que algumas pessoas não sabem lidar com o medo. Isso pode acontecer em relação às aulas presenciais. Mas uma política pública não deve ser orientada por esse grupo, em especial por se tratar de temor sem lastro na realidade. O Estado tem o dever de atuar pela educação, um direito fundamental. Entre abrir as escolas ou ceder ao medo de quem não acredita na ciência, a primeira opção é inquestionável.

Os professores não hão de ser os temerosos. Sua carreira já é, por si só, uma grande mostra de coragem. Ensinar no Brasil corresponde, em muitos casos, a dirigir em uma ribanceira no escuro. O fechamento indiscriminado das escolas revela o quanto a educação vale pouco neste país, com o triste reflexo da desvalorização crônica do trabalho dos docentes.

Aqui, portanto, os professores são heróis, e heróis não fogem à luta. Já vestiram o capacete da vacina e aprenderam a conduzir os protocolos. Estão prontos para a corrida da reconstrução do futuro de nossas crianças e jovens.

Vale dizer que, se as aulas não voltarem, não apenas os alunos perderão o grande prêmio: a derrota virá para todos os que integram o sistema de ensino. Por que elevar o salário de docentes se não há aula? Por que investir em infraestrutura escolar se ninguém vai usar? Por que pagar mensalidade se o serviço das particulares não está sendo devidamente prestado? Como justificar a existência do ensino público diante da resistência em ofertá-lo, alargando o abismo em relação ao privado?

Trata-se de um circuito que pode ser interditado por fraturas no pavimento de sua reta principal: as atividades presenciais.

É verdade que a pandemia tornou-se também um grande desafio psicológico. Mas não resta opção senão seguir em frente, ainda que as curvas do caminho possam amedrontar. Por isso, mesmo reconhecendo o temor como parte da nossa existência, Senna destacou em outra fala que “vencer é o que importa. O resto é consequência”.

Escolas abertas serão um dos grandes símbolos da vitória da sociedade brasileira contra o vírus em provas diárias de mais esperança e menos medo.

TENDÊNCIAS / DEBATES
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

Lana Romani

Fundadora do movimento Escolas Abertas

Isabel Quintella

Cofundadora do movimento Escolas Abertas

Vera Vidigal

Cofundadora do movimento Escolas Abertas

Kleber Zanchin

Advogado e apoiador do movimento Escolas Abertas

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