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Mais que barulho

Golpismo e desgoverno de Bolsonaro têm efeito direto em inflação e desemprego

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O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes - Marcos Corrêa/PR

Se já era difícil recuperar empregos em meio à desconfiança geral com os rumos da política econômica, qualquer chance de melhora nas condições sociais fica ainda mais prejudicada pela baderna institucional patrocinada pelo presidente Jair Bolsonaro.

Desde que o governo foi ao ataque na agenda populista com vistas às eleições, o risco de descontrole das finanças públicas já levava o dólar e os juros às alturas e alimentava a inflação.

Até poucos meses atrás, a perspectiva de superação da pandemia e reabertura consistente indicava que 2022 poderia ser um ano positivo. Entretanto as expectativas se deterioraram rapidamente.

As projeções atuais para a alta do Produto Interno Bruto no ano eleitoral, na casa de já sofríveis 2%, devem cair mais com o aperto nas condições financeiras e o risco de racionamento de energia.

O problema da inflação, hoje, é gravíssimo. Mesmo sob condições dramáticas no mercado de trabalho, com taxa de desemprego na casa dos 14%, a inflação nos 12 meses encerrados em agosto chegou a 9,68%, demasiado acima da meta de 3,75% fixada para este 2021.

Os preços de alimentos, energia e combustíveis disparam e oneram principalmente os mais pobres.

A necessidade de resposta do Banco Central indica que a taxa básica de juros chegará a 8% no final do ano, mas em prazos mais longos o custo do dinheiro supera 10%. Esse é o canal que interrompe investimentos e joga novamente o país no risco recessivo.

A desconfiança do setor privado aumentava mesmo antes dos arroubos presidenciais do Dia da Independência. Além da tentativa de expandir gastos, a desarticulação do governo levou à aprovação na Câmara dos Deputados de uma péssima mudança do Imposto de Renda, e soluções temerárias para os precatórios estão em discussão.

Não há coordenação política digna desse nome, e os técnicos da pasta da Economia se limitam a minimizar danos —os vindos do Congresso e também os decorrentes da desorientação gerencial do ministro Paulo Guedes.

A claudicante agenda de reformas e privatizações dá origem a projetos de má qualidade, como se viu na preparação da venda do controle da Eletrobras.

Nesta sexta-feira (10), Guedes enfim reconheceu o óbvio —que o “barulho” produzido por Bolsonaro pode prejudicar a economia do país. Em bom português, o presidente não apenas atenta contra a democracia como faz com que mais brasileiros permaneçam na pobreza e no desemprego.

editoriais@grupofolha.com.br

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