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Aulas sem volta

Ensino presencial, que retornará em 18 estados e no DF, não pode retroceder

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Aula em escola municipal de São Paulo - Rivaldo Gomes - 25.out.21/Folhapress

O início do ano letivo oferece nova oportunidade para o Brasil enfim começar a reverter o desastre educacional produzido no último biênio de pandemia, período em que os estudantes perderam enorme parcela das aulas presenciais.

Trata-se de tarefa urgente. Como se a educação não constasse das prioridades do governo e da sociedade, o país figurou entre aqueles que mais tempo ficaram com as escolas fechadas no mundo, com impactos não apenas sobre o aprendizado, mas também sobre a sociabilidade e a nutrição de uma legião de jovens.

O recurso paliativo do ensino remoto falhou de modo fragoroso. Num país em que milhões de alunos não dispõem de computadores e acesso à internet, a administração Jair Bolsonaro (PL) desincumbiu-se da obrigação elementar de favorecer meios digitais.

Segundo pesquisas que buscaram medir os resultados do descaso, o fechamento prolongado das escolas afetou de modo grave a progressão dos estudantes, implicando até regressão no aprendizado, aumentou o risco de abandono escolar e elevou a desigualdade educacional entre alunos de estabelecimentos públicos e privados.

Merece todo o apoio, portanto, a decisão das redes de ensino de 18 estados e do Distrito Federal de retornarem neste ano com aulas presenciais obrigatórias.

Conforme o levantamento do portal UOL, apenas a Paraíba manterá o modelo híbrido. Em Pernambuco, a presença será opcional e, no Acre, a autorização dependerá do aval da autoridade sanitária.

Os desafios à frente, que já seriam grandes em condições normais, ganham proporções maiores ante a omissão do governo federal. O primeiro e mais óbvio deles é o provimento de um ambiente seguro para professores e alunos.

No plano educacional, deve-se dar atenção especial à questão da evasão, que apresentou piora expressiva durante a pandemia, fruto tanto do desinteresse dos estudantes como da necessidade de contribuir com a renda familiar.

Estratégias para trazer esses alunos de volta às salas e garantir sua permanência, como uma busca ativa por parte das redes e auxílios pecuniários, deveriam ser consideradas para minorar o problema.

É fundamental, nesse contexto, que o país evite retrocessos sanitários que terminem por fechar novamente as escolas. Para tanto, é imperioso seguir reforçando a imunização de adultos e, sobretudo, de crianças, além de sanar as disparidades regionais acumuladas. Que ao menos isso o governo Bolsonaro faça pela educação.

editoriais@grupofolha.com.br

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