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Queda da taxa de natalidade ameaça futuro econômico do gigante emergente

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Mães passeiam com bebês em parque em Pequim - Nicolas Asfouri/AFP

A China já é a segunda maior economia do planeta e ostenta, há décadas, taxas espantosas de crescimento. Melhor ainda, aproveitou os ventos favoráveis para tirar milhões de pessoas da miséria. Não obstante, sua riqueza, quando medida em termos de PIB per capita, ainda é uma fração da observada em países desenvolvidos.

Parece intuitivo que mais alguns anos de prosperidade venham a reduzir a diferença. Mas não é tão simples —e o principal motivo para isso é a demografia.

Em 2021, pelo quinto ano consecutivo, a China registrou queda da taxa de natalidade. Pior, os nascimentos já quase empatam com os óbitos. No ano passado, foram 10,62 milhões de bebês (uma taxa de 7,52 por mil) contra 10,14 milhões de mortos (7,18 por mil).

O gigante emergente vive seus últimos momentos de expansão populacional. A partir de agora, a proporção de idosos na sociedade aumentará rapidamente.

Se a economia era favorecida pelo incremento populacional e do capital social (a educação chinesa é, pelo menos nos grandes centros urbanos, de alta qualidade), a situação deverá agora se inverter.

Envelhecimento e declínio do número de habitantes dificultam o crescimento da atividade, já que significam menor demanda, redução da poupança das famílias e do acúmulo de capital. Até a inovação tende a sofrer, pois haverá menos jovens nas carreiras científicas.

A direção do Partido Comunista Chinês está obviamente atenta ao problema. Em 2015, acabou com a política do filho único, que vigorava desde os anos 1980. Hoje, incentiva os casais a terem até três crianças. Não está funcionando. As taxas de fecundidade seguem bem abaixo dos 2,1 necessários para manter a população estável, o que pode levar a ações mais específicas.

Pequim já fala em reduzir os abortos sem motivos médicos. Também já proibiu as aulas particulares —é que uma das razões para as pessoas não terem filhos, em especial nas cidades, é o alto custo de mantê-los.

O sistema educacional chinês é tão competitivo que, para disputar uma vaga nas melhores universidades, não basta ser um excelente aluno; cumpre também submeter-se a tutorias privadas.

Há dúvidas sobre quais podem ser os próximos passos do governo chinês. Dado seu histórico de autoritarismo, porém, não se podem descartar intromissões que violem direitos humanos.

editoriais@grupofolha.com.br

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