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Henrique Santos Hermida

Na ágora da Folha comecei a pensar o mundo

Faço questão de salvar as melhores colunas no celular, quase como recordação

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Henrique Santos Hermida

Estudante de medicina (UFMG), 22, começou a ler a Folha aos 16 anos

"Quem não lê jornal é alienado, não sabe do mundo", meu pai, Edmundo, sempre diz. Viciado em noticiário político e leitor de jornal desde criança, incontáveis vezes tentou plantar em mim a semente desse hábito. Mas eu, nascido na era digital, achava perda de tempo: só queria saber de internet e videogame. Tudo mudou, porém, no alvorecer de minha juventude, esse período de genuína curiosidade e com aquela certa inquietação: afinal, que lugar é esse chamado mundo? Não por coincidência, foi nessa época que a Folha me conquistou.

Aos 16 anos, ainda no colégio, esbarrei num texto de Ferreira Gullar, na Ilustrada, e fiquei maravilhado! Decidi assinar o jornal (digital, claro) e passei a acompanhar a seção Opinião diariamente. A fascinação logo se apossou de mim: como podia tanta cultura e tanto conhecimento reunidos num só lugar?

Sim, a Folha me conquistou por seu elenco de colunistas. E mais ainda: pela pluralidade desse elenco. Adoro ler desde os textos hilários de Gregório Duvivier às provocações de Demétrio Magnoli, das experiências políticas de Tabata Amaral à prosa irônica de João Pereira Coutinho, da bossa nova de Ruy Castro à filosofia de Hélio Schwartsman.

Sem contar o quanto aprendi sobre política com Patrícia Campos Mello, economia com Samuel Pessôa, geopolítica com Mathias Alencastro e o saudoso Clóvis Rossi, dentre muitos outros, a lista é infinita! Em pouco tempo, vi a extensão do meu conhecimento e o horizonte das minhas ideias se expandirem além do que eu poderia imaginar.

Também na Folha, em 2019, o primeiro ano do pior governo da história do país, aprendi minha primeira lição de democracia. Descobri no dia a dia da notícia o que quer dizer jornalismo: é criticar, é incomodar, é colocar o dedo na ferida e fazer as perguntas difíceis, sempre.

Com a Folha, ler jornal rapidamente se tornou um hábito instigante. De tanto ler decorei os dias de publicação dos meus colunistas preferidos e passo a semana ansioso esperando os textos saírem. Faço questão de salvar as melhores colunas no celular, quase como uma recordação —assim como antigamente os leitores guardavam recortes de jornal.

Como não admirar, afinal, um jornal que apresenta a seus leitores, a cada tema relevante, uma porção de colunistas tão variada como, por exemplo, Joel Pinheiro da Fonseca e Janio de Freitas?

Pois foi justamente essa diversidade enorme de opiniões, ao alcance dos dedos e concentrada num só lugar, que pavimentou o caminho de minha emancipação intelectual. Explico: jovem e sem muitas opiniões formadas, comecei a moldar minha visão de mundo refletindo sobre os artigos que lia no jornal e os temas de que tratavam. Assim percebi, por exemplo, que concordava mais com o posicionamento econômico de Alexandre Schwartsman do que com o de Nelson Barbosa.

Esse exercício de reflexão e aprendizado a partir de pontos de vista divergentes é tanto maior quanto mais diretos são os embates! Isso é ainda mais evidente nesta seção Tendências / Debates e, claro, quando algum texto "polêmico" provoca alvoroço entre os colunistas do jornal. Aí a coisa fica boa: leio réplicas e mais réplicas, tréplicas e mais respostas. A cada novo texto reflito mais sobre o tema em questão. E aprendo.

Esta é sem dúvida a grande riqueza da Folha: a capacidade, e ainda mais, a teimosia, apesar das pressões, de se colocar como uma arena relevante e plural para o debate público, para o embate franco de ideias.

A Folha é, de fato, uma ágora moderna —e nessa praça onde se discute o Brasil quem ganha somos nós, os leitores; ganha a sociedade, ganha a democracia.

TENDÊNCIAS / DEBATES
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