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É urgente uma política de Estado para a ciência brasileira

Sem política de Estado para CT&I, não há desenvolvimento compatível com uma nação soberana

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Helena Nader

Para fechar o mês da campanha #ciêncianaseleições, venho em nome da Academia Brasileira de Ciências reforçar a luta para o país estabelecer uma política de Estado —não apenas de governo— para o setor e destinar 2% do PIB à ciência, tecnologia e inovação (CT&I).

É urgente que se cumpra adequadamente o que a Constituição estabelece: "O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa, a capacitação científica e tecnológica e a inovação". E mais: "Pesquisa científica básica e tecnológica receberá tratamento prioritário do Estado". Nossa legislação é perfeita. Mas, na prática, não cumprimos o legalmente previsto. Somos reféns da vontade de cada governo, no âmbito federal e estadual.

A pesquisadora Helena Nader, presidente da Academia Brasileira de Ciências - Eduardo Knapp - 22.mar.22/Folhapress

Entender a ciência como política de Estado é primordial para o desenvolvimento. E isso precisa começar por uma revolução na educação, como nós da ABC alertamos há anos. Em vez de revolucioná-la, no entanto, o Brasil lhe vira as costas e sufoca a ciência —aqui incluídas as ciências humanas e sociais, que terão papel central na reversão do nosso quadro de profunda crise.

Um dos grandes sintomas da inversão de prioridades é o governo chamar de investimento o que é feito na Bolsa de Valores, enquanto considera despesa os recursos destinados à ciência. O país não conseguiu entender que educação e CT&I são o passaporte para o desenvolvimento social, sustentável e econômico. Ao relegar esses dois setores à condição de gastos, normalizam-se os cortes.

Em 200 anos da Independência, continuamos uma colônia que nutre descaso pelo próprio futuro. A Lei Orçamentária de 2022 é uma das muitas provas: enquanto 7,4% do orçamento são gastos em juros da dívida, só 0,9% vão para investimentos como um todo. Sem política de Estado para educação e CT&I, não há desenvolvimento compatível com o de uma nação soberana.


Esta coluna foi escrita para a campanha #ciêncianaseleições, que celebra o Mês da Ciência. Helena Nader é presidente da Academia Brasileira de Ciências e docente da Unifesp.

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