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Mais mulheres

Representando 46% das filiações partidárias, participação feminina não se reflete em cargos

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Plenário da Câmara, onde é baixa a representatividade feminina - Ton Molina /Fotoarena/Folhapress

É ilustrativo das dificuldades que cercam a participação das mulheres na política nacional o fato de que o Brasil, no ranking da União Interparlamentar, que mede a presença feminina em cargos legislativos de 192 nações, ocupe uma pouco honrosa 142ª posição.

O país vai mal até na comparação com seus vizinhos. Na América Latina, fica à frente só do Haiti, enquanto a Argentina figura no 20º lugar da lista. Não se pode atribuir o resultado à falta de interesse das mulheres pela política institucional. Pelo contrário. Constituindo 52% da população, elas representam 46% dos filiados em partidos no país —crescimento de dois pontos percentuais em relação a 2018.

Esse aumento, de acordo com levantamento desta Folha, se distribuiu entre as legendas. Nos últimos quatro anos, a quantidade de mulheres aumentou em 28 das 32 agremiações nacionais.

A ampla participação feminina nas bases da política, entretanto, está longe de refletir-se nos níveis acima, isto é, na proporção de candidaturas e, sobretudo, na de eleitas. Em 2018, dos 1.790 cargos em disputa no Congresso Nacional, assembleias e governos estaduais e federal, meros 16% foram vencidos por elas.

Embora ainda muito acanhado, este número exprime um aumento de 52% na comparação com o pleito de 2014.

Instrumentos criados para aumentar a presença feminina na política, como as cotas, têm-se mostrado insuficientes para produzir um equilíbrio de gênero maior —isso quando não terminam desvirtuados, como no último pleito, por meio da inclusão de laranjas.

Tal realidade, infelizmente, não chega a surpreender num país sabidamente assentado sobre uma estrutura política machista e governado por um presidente notório por suas declarações misóginas.

Se aumentar a presença das mulheres na política constitui um imperativo, parece claro que as proporções não precisam necessariamente refletir a divisão demográfica do país. Trata-se, antes, de assegurar que ninguém deixe de perseguir seus anseios e objetivos em razão de discriminação, preconceito ou ameaças.

Tal desígnio, demonstram sobejamente os dados, ainda está longe de cumprir-se.

É preciso um esforço coletivo para que o Brasil comece a atender melhor à demanda por equidade, não apenas de gênero. Ampliar a diversidade na política deve ser um objetivo de qualquer nação que se pretenda democrática.

editoriais@grupofolha.com.br ​ ​

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