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Mau aprendiz

Após sequência de tropeços, Moro desafia padrinho político e se lança ao Senado pelo Paraná

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Sergio Moro confirma intenção de concorrer ao Senado pelo União Brasil - Ernani Ogata/Código 19

Tem sido acidentada a trajetória do ex-juiz Sergio Moro na política desde que decidiu abandonar a magistratura para participar do governo Jair Bolsonaro (PL).

Ele completara um ano no Ministério da Justiça quando rompeu com o presidente, a quem acusou de interferir na Polícia Federal em busca de proteção para os filhos.

Após breve passagem pelo setor privado, Moro filiou-se ao Podemos para entrar na corrida presidencial, mas logo viu suas pretensões inviabilizadas pela fragilidade da legenda e pela falta de entusiasmo popular pelo seu nome.

O ex-juiz mudou-se então para o União Brasil, que podou suas ambições. Parecia conformado com a ideia de concorrer a uma cadeira de deputado federal por São Paulo, mas a Justiça barrou sua mudança de domicílio eleitoral.

Na semana passada, Moro anunciou que disputará a cadeira ocupada há oito anos pelo senador Álvaro Dias (Podemos-PR), candidato à reeleição. Assim, o ex-juiz resolveu estrear nas urnas enfrentando alguém que até outro dia era seu aliado, além de incentivador de sua entrada na política e entusiasta da Operação Lava Jato.

O percurso até aqui sugere que sobra autoconfiança a Moro, mas mostra também que falta ao neófito humildade para aprender com os próprios tropeços.

Moro diz que deixou a toga para ser ministro de Bolsonaro porque pretendia fortalecer o combate à corrupção. Achando que podia contar com o chefe e receberia, por gravidade, apoio para suas propostas, colecionou fracassos.

Tratado como traidor pelos bolsonaristas enquanto o presidente selava sua aliança com o centrão, Moro ainda viu a imagem de juiz implacável demolida quando o Supremo Tribunal Federal declarou sua suspeição e anulou as ações movidas pela Lava Jato contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Ao anunciar seus novos planos, o ex-juiz afirmou que deseja liderar a oposição no Senado a um eventual governo Lula, se o líder petista vencer a eleição. É uma ideia, mas talvez Moro esteja desatento ao que se passa em volta.

Um dia depois da decisão do ex-juiz de concorrer para senador, Lula reuniu-se com aliados na casa do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e tratou com eles dos movimentos que tem feito para engrossar sua caravana. Segundo o petista, entre os que se mostram dispostos a conversar está o União Brasil, o partido de Moro.

editoriais@grupofolha.com.br

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