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Elas dão de ombros

Fragilidade de medidas das big techs para combater desinformação nas eleições requer atenção do TSE

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Logomarcas de redes sociais na tela de um telefone celular. - Dado Ruvic/Reuters

É difícil fugir à sensação de que as grandes empresas de tecnologia não dão a mínima para a democracia brasileira. Se em 2018 ainda podiam alegar desconhecimento quanto a seu alcance no processo eleitoral, em 2022 elas só encontram esse argumento na estante das desculpas esfarrapadas.

Inúmeros estudos sobre o avanço das autocracias no mundo nos últimos anos, ao listar os fatores por trás do fenômeno, põem em posição destacada a expansão desenfreada da desinformação e do discurso de ódio nas redes sociais.

Plataformas como Facebook, Instagram, WhatsApp, TikTok, Kwai, Twitter, YouTube e Telegram sabem muito bem disso, pois têm sido pressionadas nos mais diversos países a adotar mecanismos transparentes capazes de conter a manipulação, a fraude e o assédio.

A lógica por trás dessas iniciativas é cristalina. Trata-se de corresponsabilizar essas empresas pelos crimes cometidos por meio dos seus serviços, mas sem com isso manietar a liberdade de expressão.

Não foi diferente no Brasil. O Tribunal Superior Eleitoral, órgão encarregado de organizar a realização do pleito no país, negociou com as gigantes da tecnologia um acordo destinado a reduzir o volume de fake news em circulação.

Firmado no começo do ano, o pacto incluiu medidas como filtragens para identificar informações enganosas, rotulagem e até a remoção de conteúdos que violem as regras da própria empresa.

Como mostrou esta Folha, contudo, por mais bem-vindas que sejam tais políticas, elas nasceram menos rigorosas do que as empregadas na eleição americana de 2020 —e aí está o primeiro dar de ombros relativo ao Brasil.

Agora, nova apuração do jornal revelou que as principais empresas não abrem dados sobre equipes de moderação em português nem dizem se serão reforçadas para as eleições. Tampouco respondem sobre investimentos em inteligência artificial para analisar conteúdos.

De acordo com especialistas, essas questões são cruciais para saber se as empresas estão efetivamente atuando contra a desinformação e o discurso de ódio.

O pouco caso vai além. Reportagem do jornal O Globo apontou brechas no Facebook e no Instagram que têm sido exploradas por candidatos bolsonaristas para impulsionar mensagens com mentiras e ataques à integridade do processo eleitoral brasileiro.

Se Jair Bolsonaro (PL) estivesse de fato preocupado com o risco de fraude na disputa deste ano, ele cobraria mais transparência dessas empresas, não do TSE. Quanto ao tribunal, cumpre sanar esses problemas o quanto antes para fortalecer sua capacidade de deter os que tentam tumultuar o pleito.

editoriais@grupofolha.com.br

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