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O que a Folha pensa 5g

Sem sinal

Estreia do 5G mostra que será preciso cuidado para não acentuar desigualdade no acesso à tecnologia

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Antenas instaladas em São Paulo para o início da implantação da rede 5G, nova geração da telefonia celular. - Roberto Casimiro/Fotoarena/Agência O Globo

A estreia da rede 5G, nova geração da telefonia celular, teve impacto reduzido para a maioria dos consumidores. A nova tecnologia promete velocidade até dez vezes superior à oferecida pelo 4G à transmissão de dados, mas essa experiência ainda é muito incomum.

Nas capitais que já têm antenas conectadas à nova rede, São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre e João Pessoa, a cobertura é parcial e a resposta do sinal se mostrou oscilante nos primeiros dias de operação, na semana passada.

Parte do problema era previsível a esta altura do processo de instalação do sistema. A frequência usada pela rede exige um número maior de antenas, separadas entre si a distâncias menores do que as requeridas pelos sistemas atuais.

Será preciso tempo para instalar os equipamentos que viabilizarão o funcionamento pleno da rede. Estima-se que o 5G demandará dez vezes mais antenas do que as que sustentam as redes mais antigas.

Além disso, ainda são muito poucas as pessoas que carregam no bolso os aparelhos mais modernos, habilitados para se conectar ao sistema e usufruir os benefícios prometidos pela nova tecnologia.

Caberá às autoridades acompanhar com atenção a expansão da cobertura para evitar que o 5G amplie e aprofunde um problema que muitos brasileiros já enfrentam no cotidiano, a desigualdade digital.

Seja por causa da oferta de sinal, do preço dos aparelhos mais sofisticados ou dos pacotes das operadoras, a qualidade dos serviços celulares já varia muito nos centros urbanos, com diferenças entre bairros ricos e pobres, e também entre grandes cidades e o interior do país.

Segundo levantamento do Instituto Locomotiva e do Instituto de Defesa do Consumidor, um quarto da população fica sem acesso à internet por uma semana todo mês —em geral, porque a cota de dados garantida pelos planos dos usuários de renda mais baixa se esgota antes de o mês acabar.

Embora celulares sejam essenciais para a comunicação em áreas mais isoladas, muitas regiões do país ainda são desprovidas de sinal. É esse contexto de disparidades que torna justificada a atenção redobrada com a implantação do 5G.

Como a Folha mostrou, no lançamento da rede em Brasília, o sinal ainda era precário em Taguatinga, cidade satélite da capital federal que se tornou importante centro comercial. Não havia sinal disponível no principal shopping da região.

Em São Paulo, segundo a Anatel, agência reguladora do setor, a área com maior número de antenas no lançamento é também a de maior concentração de edifícios de escritórios, onde trabalham pessoas com maior poder aquisitivo. É de esperar que, com o tempo, essas diferenças sejam corrigidas.

editoriais@grupofolha.com.br

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