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A sombra de Trump

Biden endurece discurso contra antecessor, cujo populismo se mantém influente

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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden - Jim Watson/AFP

A derrota de Donald Trump para Joe Biden na disputa presidencial americana em 2020 não liquidou o populismo de direita que se aglutinou em torno de seu nome.

Pelo contrário, ele segue influente na política e na sociedade dos Estados Unidos, espalhando desprezo pelo regramento democrático com seu corrosivo negacionismo eleitoral e sua tendência inequívoca à balbúrdia e ao divisionismo.

Não são descabidas, nesse contexto, as palavras fortes, ainda que um tanto apocalípticas, de Biden —que, num discurso proferido na quinta (1º), afirmou que o ex-presidente e o trumpismo representam um "extremismo que ameaça as próprias fundações da República".

Falando às portas do Independence Hall, local de enorme simbolismo no país, onde foram assinadas a declaração de Independência e a Constituição, o presidente dos EUA condenou o aumento na retórica politicamente violenta, a exemplo das ameaças feitas contra agentes federais após a busca do FBI por documentos confidenciais na residência de Trump.

Com seu pronunciamento, Biden também mirou as eleições legislativas deste ano, que podem decidir o futuro de seu governo. Dispensando a habitual mensagem de unidade, o democrata convocou os eleitores a se engajarem num pleito que classificou como "uma batalha pela alma" da nação.

O plano parece claro. Para evitar que a votação se torne um referendo sobre sua própria Presidência, até agora prejudicada pela alta inflação e a desastrada saída do Afeganistão, o líder democrata busca fazer da eleição uma escolha entre a normalidade democrática e a turbulência política.

A mensagem combativa coincide com uma nova pesquisa que sugere que a sorte de seu partido vem melhorando. O levantamento, feito pelo Wall Street Journal, mostrou pela primeira vez a população americana numericamente mais inclinada a votar em candidatos democratas (47%) do que em republicanos (44%).

Seja como for, o presidente e seu partido sabem que têm uma tarefa dificílima pela frente, já que historicamente a legenda do incumbente costuma ser derrotada nas eleições de meio de mandato.

Num país em que o voto não é obrigatório, a questão é saber se a estratégia de transformar o pleito numa batalha pela democracia, como tenciona Biden, vai galvanizar eleitores mais do que a inflação e outras questões do dia a dia.

editoriais@grupofolha.com.br

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