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Acima do esperado

PIB mostra vigor no 2º trimestre, mas permanecem incertezas em relação a 2023

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Mutirão do emprego do Sindicato dos Comerciários, em São Paulo - Danilo Verpa/Folhapress

O crescimento do Produto Interno Bruto novamente superou expectativas. A alta de 1,2% no segundo trimestre do ano, divulgada nesta quinta (1º), já permite antever crescimento acima de 2,5% neste ano.

A se confirmar tal prognóstico, será o melhor desempenho desde 2013 —sem incluir na conta o ano atípico de 2021, que marcou a recuperação do impacto da pandemia. Também relevante, a produção no segundo trimestre superou em 3% o patamar imediatamente anterior à crise sanitária, quase retomando o pico da série histórica, observado no início de 2014.

A demanda interna teve expansão robusta e disseminada, que deve se manter por algum tempo. O consumo aumentou 2,6% e os investimentos também surpreenderam, com alta de 4,8%. Do lado da oferta, nota-se dinamismo na indústria (2,2%) e nos serviços (1,3%).

Além da retomada de atividades direcionadas às famílias, na continuidade da abertura pós-pandemia, há inúmeros fatores que contribuem para o momento positivo. Preços de matérias-primas ainda elevados e a boa safra ampliaram a renda do agronegócio, que no conjunto perfaz cerca de 25% do PIB.

A retomada do emprego é outro vetor importante. Embora a renda do trabalho no trimestre encerrado em julho esteja ainda 2,9% abaixo do mesmo período de 2021, a taxa de desocupação caiu a 9,1%, menor nível desde 2015.

Com isso, a massa salarial se expande cerca de 6,1% no período, o suficiente para manter o ânimo do consumo, que deve ganhar algum fôlego extra com a entrada do Auxílio Brasil de R$ 600 mensais para cerca de 21 milhões de beneficiários.

Também há o impacto positivo da redução da inflação, ainda que por ora concentrado nos combustíveis —proporcionado por cortes de impostos federais e estaduais.

Para 2023, contudo, o cenário é mais duvidoso. Além das dificuldades no âmbito internacional, como juros em alta no mundo desenvolvido e conflitos geopolíticos, há enorme incerteza em relação à política econômica do próximo governo —qualquer que seja o vencedor da eleição presidencial.

Novas temeridades na gestão do Orçamento podem trazer impacto negativo nas variáveis financeiras, como taxas de câmbio e juros.

A política monetária contracionista para combater a inflação terá peso crescente adiante. Juros básicos em 13,75% ao ano são escorchantes para padrões históricos e devem conter a demanda por crédito e o ímpeto do consumo. O aumento recente da inadimplência também é um sinal de alerta.

O PIB traz alívio, enfim, mas não significa que estão superadas as fragilidades da economia nacional.

editoriais@grupofolha.com.br

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