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Data apequenada

Menos agressivo contra instituições, Bolsonaro politiza festa da Independência

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Jair Bolsonar (PL) no desfile do bicentenário da Independência, em Brasília - Gabriela Biló/Folhapress

Ao usar as celebrações do bicentenário da Independência como palanque da sua campanha à reeleição, Jair Bolsonaro (PL) apequenou as festividades a ponto de transformá-las num espetáculo indigno.

Numa data que requeria reflexão sobre os valores que unem a nação, os progressos alcançados em dois séculos e os desafios à sua frente, o presidente optou por fazer provocações, proferir grosserias e atacar adversários.

Pela manhã, falando à multidão que se reuniu para ouvi-lo após o desfile oficial em Brasília, ele atingiu o ponto mais baixo do dia ao fazer comentários machistas e se vangloriar da própria virilidade depois de elogiar sua mulher.

À tarde, no alto de um carro de som na praia de Copacabana, no Rio, chamou de quadrilheiro o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder da corrida presidencial, e disse que a esquerda precisa ser extirpada da vida pública.

Quanto ao Supremo Tribunal Federal, o tom foi mais ameno do que o adotado nas manifestações de 7 de Setembro do ano passado, quando ofendeu ministros e ameaçou descumprir suas decisões.

Entretanto nos eventos houve faixas com mensagens golpistas de apoiadores e estímulo às vaias ao tribunal nos dois comícios. Ao lado do mandatário nos dois palanques estava um empresário investigado por ordem do STF.

Em Brasília e no Rio, Bolsonaro prometeu enquadrar os que jogam fora das balizas fixadas pela Constituição se for reeleito, mas em nenhum momento explicou o que exatamente faria ou nomeou os alvos da bravata.

Os presidentes do Supremo, da Câmara dos Deputados e do Senado não estavam lá para ouvir. Os três deixaram de lado o protocolo e ficaram longe do palanque brasiliense, expressando silenciosamente seu desagrado com a politização do evento oficial.

Se o objetivo de Bolsonaro era exibir força política e coletar imagens grandiosas para a propaganda eleitoral, ele decerto foi alcançado. Os limites da sua estratégia ficaram evidentes, porém, no tom e no conteúdo dos seus discursos.

Ele caracterizou a disputa eleitoral como uma batalha do bem contra o mal e preencheu suas falas com diversos acenos aos segmentos mais fiéis do seu eleitorado, porém não dirigiu nenhuma palavra aos eleitores que precisa conquistar para reduzir a distância que o separa de Lula.

Não houve também nenhuma menção às urnas eletrônicas, que até outro dia eram objeto de uma campanha de descrédito agressiva movida pelo presidente. Quase estacionado nas pesquisas, a poucas semanas do primeiro turno da votação, as opções de Bolsonaro parecem estar se esgotando.

editoriais@grupofolha.com.br

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