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O que a Folha pensa Datafolha

Debate civilizado

A despeito de caso deplorável na plateia, candidatos em SP divergem sem infâmia

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Debate entre os principais candidatos ao governo de São Paulo - Marlene Bergamo/Folhapress

O tom civilizado em um debate entre candidatos a qualquer cargo eletivo deveria passar tão batido quanto o oxigênio na atmosfera, mas, em tempos nos quais infâmia e baixaria se tornaram moeda corrente na política, chamou a atenção o comportamento dos postulantes ao governo de São Paulo na noite de terça-feira (13).

Durante o encontro, promovido pela Folha, pelo UOL e pela TV Cultura, os cinco candidatos mais bem colocados na disputa pelo Bandeirantes se enfrentaram sem concessões nem vilanias, num louvável equilíbrio entre a divergência tensa e a cordialidade respeitosa.

Sem sair desse diapasão, recorreram a ataques, ironias e críticas duras, sobretudo nos confrontos entre os três nomes mais competitivos: Fernando Haddad (PT), Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Rodrigo Garcia (PSDB), que aparecem nessa ordem na última pesquisa realizada pelo Datafolha.

Fez parte da estratégia dos dois primeiros priorizar o fogo no terceiro, numa tentativa de consolidar um segundo turno que reproduza o duelo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra Jair Bolsonaro (PL), padrinhos de Haddad e Tarcísio, respectivamente.

Para o ex-prefeito petista, trata-se de levar para o embate direto um adversário que carrega como fardo a alta rejeição do atual presidente da República; para Tarcísio, a questão reduz-se a manter a vantagem sobre Rodrigo a fim de não naufragar no dia 2 de outubro.

Se o cenário ainda aberto aponta para uma disputa bastante acirrada nesta reta final da campanha eleitoral, a realidade paulista contribui que o debate se desenvolva sobre bases bem definidas.

Longe de ser uma terra arrasada, São Paulo vive boa situação orçamentária e conhece importantes legados do PSDB em áreas como segurança pública e estrutura rodoviária. Fica mais fácil promover um confronto de ideias construtivas nesse contexto.

Enquanto tudo correu bem no palco, veio da plateia, já ao final do evento, uma conduta inaceitável: o deputado estadual Douglas Garcia (Republicanos), correligionário de Bolsonaro, partiu para cima da jornalista Vera Magalhães com agressões verbais e precisou ser contido por seguranças.

O episódio, repudiado por diversas figuras da política —entre elas o próprio Tarcísio, a quem o agressor apoia— não chegou a manchar um encontro que se construiu em alto nível —incluindo as participações de Elvis Cezar (PDT) e Vinicius Poit (Novo), que mostram pontuações menores no Datafolha.

Numa lição de cidadania, o debate mostrou que disputa política se faz com projetos e propostas —e que alternância de poder não se confunde com uma guerra.

editoriais@grupofolha.com.br

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