Documentário reverencia Môa, o indômito

Acompanhar as facetas do mestre de capoeira ajuda a entender vertentes da cultura baiana

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Nos idos de 2018 (o ano que não terminou) e horas após o primeiro turno daquelas eleições presidenciais, Môa do Katendê, referência inquestionável da cultura brasileira, foi assassinado por expressar em quem votou.O caso correu o mundo e virou epítome de uma funesta sequência de violências perpetradas por intolerância política, em um Brasil de fraturas autoritárias expostas.

Mas "Môa, Raiz Afro Mãe" —documentário que é exibido para convidados nesta terça-feira em São Paulo e estreia nos cinemas no ano que vem— faz justiça ao exímio capoeirista, educador, compositor, percussionista, ao voltar a situá-lo primordialmente na beleza do seu legado.

Mestre de capoeira Moa do Katendê,
Mestre de capoeira Moa do Katendê, morto em 2018 por intolerância política - Kana Filmes / Divulgação

O musical, dirigido por Gustavo McNair e que começou a ser feito enquanto Môa ainda vivia, recupera em voz, canto, rua, ginga e registros fotográficos o trabalho do cofundador do revolucionário afoxé Badauê, com depoimentos do próprio mestre e de entrevistados como Gilberto Gil, Fabiana Cozza, Letieres Leite, Jorjão Bafafé, Vovô do Ilê, Lazzo Matumbi, Chico Assis, Emília Biancardi.

Na trilha sonora do filme (disponível nas plataformas digitais), interpretam a obra do compositor alguns desses e outros convidados, como Emicida, BaianaSystem, Criolo, Chico César, Luedji Luna.

Acompanhar as muitas facetas de Môa —em seu passo por Salvador, mas também São Paulo, Porto Alegre e outras capitais mundiais— ajuda a entender ainda distintos momentos e vertentes da cultura baiana, oferece uma profunda (e bela, e dolorosa) reflexão sobre identidade nacional e é um caminho emocional que leva a sorrisos e nós na garganta.

Mas ele mesmo infunde sua serenidade indômita com uma louv(ação) já nos primeiros minutos do documentário: "Exu Elegbara Agô, abre os caminhos da gente/ Exu Elegbara Agô, luz para todos os presentes. Exu Elegbara, Agô Elegbara. Abre os caminhos da gente. E traz paz".

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