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Marcelo Queiroga

O coração de todos os brasileiros

Atenção primária é fundamental para combater doenças cardiovasculares

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Marcelo Queiroga

Médico cardiologista, é ministro da Saúde

Mais de meio bilhão de pessoas em todo o mundo vivem com doenças cardiovasculares (DCV), que são também as principais causas de óbitos no Brasil, representando 28% do total. O infarto agudo do miocárdio (IAM) e o acidente vascular cerebral lideram essas estatísticas.

A esse já complexo cenário se somou a pandemia de Covid-19, com implicações sobre o coração. Segundo dados preliminares do DataSUS, em 2021 ocorreram 378,5 mil mortes por doenças do aparelho circulatório e 672,7 mil hospitalizações, com custos de quase R$ 2 bilhões ao Sistema Único de Saúde (SUS).

O SUS tem uma das maiores e mais robustas políticas de atenção à saúde cardiovascular do mundo. Programas que incentivam a atividade física e a alimentação saudável, e que combatam o tabagismo e o consumo de álcool, são essenciais para que a população tenha hábitos saudáveis e, com isso, alto padrão de saúde e bem-estar. Portanto, a atenção primária à saúde (APS) é prioridade absoluta.

O Ministério da Saúde está empenhado em aprimorar políticas para redução do impacto das DCV no Brasil. Com foco na prevenção e na necessidade de modernização da gestão, foi instituído em 2019 o Programa Previne Brasil, que modificou a distribuição dos recursos na APS. Um dos focos do programa é o combate aos fatores de risco das DCV. A melhora nos resultados dos indicadores de acompanhamento das pessoas com hipertensão e diabetes, que apresentavam alcance inferior a 5% no início do programa, passaram para 18% em 2022, reforçando o impacto que a iniciativa pode ter na saúde da população.

Também é fundamental aprimorar as ações na atenção especializada à saúde, principalmente no atendimento do infarto agudo do miocárdio (IAM). O Ministério da Saúde definiu como estratégia a estruturação das Linhas de Cuidado do IAM em todo país, priorizando a renovação de frota do Samu, incluindo o acesso rápido ao diagnóstico pelo tele-ECG e o tratamento precoce dos casos em nível pré-hospitalar com agentes trombolíticos, com o objetivo de reduzir a mortalidade e demais impactos adversos do IAM na saúde da população. Além disso, a pasta criou os procedimentos de reabilitação cardiopulmonar e realizou reajustes nos valores da angioplastia coronariana primária para o tratamento hospitalar. Assim, a expectativa é de redução de 15% da mortalidade por IAM no Brasil até o final de 2023.

Com o objetivo de aprimorar o desempenho assistencial dos hospitais integrantes da rede de alta complexidade cardiovascular, foi instituído o programa QualiSUS Cardio, que estabeleceu metas e indicadores condicionando o custeio diferenciado aos centros que entregam o melhor resultado assistencial. Foram alocados mais de R$ 300 milhões no programa.

Diante dos desafios crescentes relacionados à prevenção e ao controle das DCV, buscamos avançar nos diferentes níveis de atenção —promovendo a prevenção por meio da atenção primária à saúde e criando programas indutores de valor em saúde na atenção especializada, premiando as boas práticas assistenciais na rede e tornando nossas políticas mais eficientes. Só assim estaremos cada vez mais perto do coração de todos os brasileiros.

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