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Economia eleitoral

Debate do 2º turno deveria reconhecer avanços recentes e dificuldades imediatas

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Fila para emprego em São Paulo

O segundo turno da eleição presidencial torna inescapável um debate mais aprofundado acerca da conjuntura econômica, negligenciado até aqui pelas candidaturas. Trata-se de compreender o momento favorável atual e as perspectivas para o futuro próximo.

Nesta segunda (3), o Banco Central divulgou novas projeções mais otimistas por parte do mercado para os principais indicadores deste 2022. A estimativa central para a inflação, que já beirou os 9%, agora caiu a 5,74%; para o Produto Interno Bruto, espera-se alta de 2,7%, um alento ante os temores de variação zero no início do ano.

Pode-se atribuir grande parte da queda do IPCA à intervenção eleitoreira do governo Jair Bolsonaro (PL) na tributação dos combustíveis. Entretanto é fato também que o desemprego vem recuando de forma consistente e chegou a 8,9%, a menor taxa desde 2015.

Não se trata, pois, de um cenário de terra arrasada, como quer fazer crer o discurso de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e da esquerda —que insiste em negar os benefícios das reformas previdenciária e trabalhista, da autonomia do Banco Central e das privatizações.

Tampouco estamos diante do panorama róseo da propaganda governista. O vencedor das eleições presidenciais não terá facilidades.

No exterior, inflação e juros em alta, guerra e disputas geopolíticas prenunciam um ambiente restritivo, que demanda prudência na condução da política econômica. Entre as muitas urgências, há que esclarecer sem demora como retomar o controle das contas públicas e encaminhar projetos essenciais.

A pauta mais imediata será a de compatibilizar a pressão por mais dispêndios em 2023 —Auxílio Brasil de R$ 600, reajustes salariais para o funcionalismo, investimentos em infraestrutura— com a formulação de um novo regime de controle orçamentário, para substituir ou aperfeiçoar o teto de gastos inscrito na Constituição.

A boa surpresa com a retomada da atividade econômica não é garantia de continuidade. Os juros altos e os riscos externos indicam alguma perda de fôlego mais adiante, que precisa ser enfrentada com mais reformas.

A agenda inclui mais liberdade no Orçamento, redesenho administrativo e tributário, foco nos mais pobres, abertura da economia e cuidado ambiental. Se Lula tem muito a esclarecer sobre seus planos, Bolsonaro deixou a desejar nesses aspectos fundamentais.

editoriais@grupofolha.com.br

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