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O que a Folha pensa desmatamento

Bioma premiado

Restauração da mata atlântica é louvada na ONU, mas desmatamento ainda preocupa

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Cachoeira Véu da Noiva, na unidade de conservação ambiental do Parque Nacional de Itatiaia (RJ) - Diego Padgurschi/Folhapress

Estendendo-se por boa parte da faixa litorânea brasileira, a mata atlântica foi, ao longo dos últimos cinco séculos, o palco por excelência da exploração e da ocupação do território nacional.

Esse intenso processo de transformação levado a cabo pelo homem deu origem a algumas das maiores metrópoles e indústrias do país, mas também levou à inclemente devastação da floresta.

Remanescem hoje apenas 12,5% das áreas originais —embora a cobertura vegetal, que abrange também matas secundárias e terciárias, alcance cerca de 25% do bioma.

Tão fundamental quanto preservar o que restou é buscar restaurar aquilo que foi dizimado. Segundo o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, rede que articula nacionalmente ações do tipo, já foram recuperados aproximadamente 700 mil hectares de florestas.

Há que comemorar, portanto, o reconhecimento internacional que a iniciativa conquistou nesta semana na COP15, a conferência de biodiversidade das Nações Unidas, ao ser eleita uma das dez referências mundiais em restauração.

O bioma passa, assim, a receber prioridade da ONU para financiamento e apoio técnico para a sua recomposição, que ambiciona chegar à marca de 1 milhão de hectares em 2030 e 15 milhões em 2050.

As dez iniciativas escolhidas (num universo de 156 candidatas) pretendem recompor 68 milhões de hectares de matas e gerar quase 15 milhões de empregos.

A restauração vegetal cumpre um papel crucial na garantia dos chamados serviços ecossistêmicos da floresta, como a manutenção do ciclo hidrológico e a recarga de aquíferos e reservatórios, c m,,om impacto direto na economia e no dia a dia de parte expressiva das grandes cidades do país.

Mas nem tudo são flores na mata atlântica. Enquanto a restauração avança a passos firmes, o desmatamento volta a assombrar o bioma.

De 2020 a 2021, a devastação cresceu 66%, em relação ao período anterior, e nada menos que 90% face a 2017-2018, quando o corte raso atingiu os menores índices históricos, aproximando-se da taxa zero.
Cinco estados —Minas Gerais, Bahia, Paraná, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina— concentraram os quase 22 mil hectares arrasados.

Urge que o poder público atue para interromper o desmatamento do bioma. Do contrário, o valioso esforço de restauração da mata atlântica, reconhecido internacionalmente, acabará sendo inócuo.

editoriais@grupofolha.com

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