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O que a Folha pensa mudança climática

8 anos de calor

Dados mostram efeito do aquecimento global, que humanidade ainda falha em conter

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Bombeiro combate incêndio em floresta próximo à Louchats (França) - Thibaud Moritz/AFP

Segundo um provérbio da antiguidade grega, "uma sociedade cresce quando velhos plantam árvores sob cuja sombra eles sabem que nunca se sentarão". A mensagem é agir no presente pensando nas futuras gerações. Em matéria de meio ambiente, o mundo não tem seguido esse princípio ético.

A Revolução Industrial, nos séculos 18 e 19, deu início a avanços econômicos e sociais da humanidade. Em 1820, de acordo com o Banco Mundial, 89,15% da população vivia em extrema pobreza; em 2015, o número caiu para 9,98%.

Mas a tecnologia que criou riqueza causou graves danos ambientais, como o aquecimento global.
Dados do Copernicus, observatório da União Europeia, mostram que os últimos oito anos foram os mais quentes já documentados. De 2014 a 2022, as temperaturas ficaram acima de 1ºC em comparação com as calculadas para o período pré-industrial (1850-1900). Daí o aumento da incidência de eventos climáticos extremos.

Em 2022, a Europa teve o verão mais quente desde a década de 1990, com a seca afetando a agricultura da região. Portugal, Espanha e França registraram incêndios florestais. Já Austrália, Índia e Paquistão sofreram com inundações —este último em proporções trágicas, com alto número de mortos.

O aquecimento global é um consenso científico. Medidas de contenção foram firmadas em acordos internacionais, como o de Paris em 2015, mas se revelam insuficientes.

Relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente atesta que a temperatura mundial deve chegar a 2,8°C acima do nível pré-industrial até o fim do século, quando o ideal seria manter a cifra abaixo de 1,5°C.

A receita para arrefecer o calor é conhecida: descarbonizar a geração de energia e os meios de transporte, que emitem quase dois terços (64%) da poluição climática; promover agropecuária sustentável; proteger e restaurar áreas verdes, combater o desmatamento.

Se no século 19 não havia tecnologia e conhecimento para conter o impacto humano sobre a natureza, atualmente não há essa desculpa. Trata-se de imperativo ético legar um ambiente saudável para as futuras gerações —como a sombra das árvores do provérbio grego.

editoriais@grupofolha.com

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