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Lula deve abandonar o passado e entender que depende de crescimento econômico

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - Eduardo Anizelli/Folhapress

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende reeditar feitos de seus dois primeiros mandatos. Até agora, contudo, nota-se ansiedade traduzida em discursos contraproducentes e manifestações de que a volta aos bons tempos depende da mão forte do governo.

Nos mandatos anteriores, o ritmo de crescimento foi o maior em quatro décadas. A dívida pública diminuía, graças também a superávits fiscais. O problema histórico da dívida externa desapareceu. A inflação estava sob controle, a taxa básica de juros caía.

Esquece-se, Lula inclusive, de que os progressos dependeram também de reformas realizadas.

O cenário econômico, porém, ora está do avesso. O crescimento mundial deve ser no máximo medíocre no próximo biênio e, aqui, parece ser o de 1,5% ao ano. O Orçamento não dá conta nem das presentes despesas. A dívida pública aumentou sobremaneira e, assim, o dispêndio potencial com juros. Já o investimento estatal continua ineficiente e capturado por elites.

A receita federal agora equivale ao dos anos finais de Lula, quando acomodava a despesa e ainda um superávit de 2% do PIB. No entanto os gastos aumentaram, em particular na Previdência e na assistência social. O déficit previsto para este ano é de 1% do PIB.

Sem sinal de que o governo terá algum superávit, a conturbação econômica frustrará as boas intenções, a começar pelo desejo de juros menores. Nem um forte aumento de impostos bastaria para dar conta da quadratura do círculo.

A receita como proporção do PIB é a mesma do final de Lula 2, mas o PIB está no mesmo nível faz uma década. Sem a aceleração do crescimento, pois, não há recursos. Ainda em caso de sucesso, será impossível incrementar a despesa social no ritmo da gestão anterior do petista ou o investimento público, como proporção do PIB.

O progresso social depende do crescimento econômico. Para isso, é preciso fomentar o investimento privado por meio de reformas maiores ou menores. Trata-se de mudança tributária, no crédito, na garantia de investimentos, com remoção do entulho regulatório e revisão de despesas inúteis.

Mesmo assim o governo ameaça rever, para pior, reformas nas estatais e no saneamento, intervir em preços e taxas de juros. Planeja incentivar tecnologias pautadas por preocupação ambiental, mas sugere intervenções caducas, desastrosas sob Dilma Rousseff (PT).

Um bom programa de governo ainda pode ser implementado. Mas Lula precisa acordar do sonho de que está em 2005 ou 2010.

editoriais@grupofolha.com

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