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O que a Folha pensa BNDES

O futuro dos Correios

Carente de investimentos, empresa deve ter privatização aprovada pelo Congresso

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Carteiro trabalha na Praça do Correio, no Centro de São Paulo (SP) - Danilo Verpa/Folhapress

Com um prejuízo de R$ 809 milhões amargado em 2022, segundo informações preliminares antes da publicação do balanço do ano, foi interrompida a sequência de bons resultados dos Correios. De 2020 a 2021 houve lucro acumulado de R$ 5,5 bilhões, favorecido pela expansão do comércio eletrônico durante a pandemia.

O quadro, segundo informações do jornal Valor Econômico, pode ser menos ruim do que os números vermelhos fazem parecer, pois a mudança principal foi um provisionamento de R$ 1 bilhão referente a processos judiciais.

No período, a empresa estatal ainda teve um lucro recorrente próximo a R$ 1,5 bilhão, muito diferente dos expressivos prejuízos observados nas administrações petistas anteriores —para nem falar dos escândalos de corrupção.

O saneamento recente não garante solidez à frente, contudo, diante da rápida transformação tecnológica do setor. Em 2022, a receita dos Correios caiu R$ 1,6 bilhão, para R$ 19 bilhões. Foram investidos apenas R$ 758 milhões (sendo R$ 202 milhões em tecnologia), muito aquém dos R$ 2,5 bilhões considerados necessários.

É danosa, nesse quadro, a resistência petista à privatização, que vinha sendo preparada nos últimos anos sob a coordenação do BNDES.

Pelos estudos, que consideraram as experiências internacionais, seria preservada a natureza pública dos serviços postais.

As políticas que orientam o setor permaneceriam com o Ministério das Comunicações, com regulação da Anatel, de modo a garantir a permanência de acesso universal e modicidade tarifária para correspondências e encomendas em determinados padrões.

Ao mesmo tempo, haveria reforço da concorrência no mercado nacional de encomendas, que vive crescimento acelerado.

Essa é a lógica do projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados e que merece amplo debate por parte dos parlamentares.

Manter o status quo será prejudicial para os Correios e para o contribuinte. O estudo do BNDES mostra os desafios para o setor, a começar pela queda continuada da remessa de correspondências em todos os países analisados.

A oportunidade está no segmento de encomendas, que avança com o comércio eletrônico e exige investimentos em tecnologia e logística.

Sem amarras e ineficiências, os Correios poderão ampliar seu papel. A empresa tem quase 100 mil funcionários e capilaridade única no país. Para que possa competir, precisa de boa gestão, flexibilidade e acesso a capital.

editoriais@grupofolha.com

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