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O que a Folha pensa jornalismo

É o que deve ser

Busca da objetividade distingue jornalismo de militância e fortalece democracia

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FILE -- Martin Baron, executive editor of The Washington Post, in the newspaper's newsroom in Washington, May 18, 2017. Baron will retire at the end of February, the publication announced Tuesday on Jan. 26, 2021. (Justin T. Gellerson/The New York Times)
Martin Baron, ex-editor-executivo do Washington Post - Justin T. Gellerson/The New York Times

A onda de direita populista, que teve em Donald Trump seu expoente mundial e em Jair Bolsonaro (PL) o similar nacional, fustigou os pontos basilares da democracia.

A soberania do voto popular, a independência entre os Poderes, o respeito às minorias, o pacto iluminista, eis alguns dos alvos preferenciais. Todos passaram por seu principal teste de estresse em décadas —e sobreviveram, fortalecendo-se durante o processo.

Menos atenção se prestou a outra instituição igualmente fundamental e sob ataque: o jornalismo profissional, aquele que segue regras técnicas e padrões de conduta que, se aplicados, levam ao mais próximo possível do que se convencionou chamar de objetividade.

Nesse caso os ataques vieram dos extremistas, certamente, mas também de moderados e de parte dos próprios jornalistas. Em tempos de exceção, argumentaram alguns, a imprensa deveria tomar lado, abrindo mão da objetividade.

Não é o que pensa Martin Baron, ex-editor-executivo do diário Washington Post, em artigo cuja tradução em português foi publicada por esta Folha. Se esperamos juízes e médicos objetivos, devemos desejar o mesmo dos jornalistas, provoca o autor do texto.

Isso não quer dizer neutralidade, falsa equivalência ou uma camisa de força, escreve ele, mas investigação dos fatos, que são sempre complexos, disposição para ouvir e ânsia de aprender —o que se harmoniza com os compromissos aqui firmados de jornalismo crítico, apartidário e pluralista.

Baron ganhou fama ao conduzir a equipe de jornalistas que revelou décadas de abuso sexual contra menores e acobertamento da cúpula da Igreja Católica nos Estados Unidos; depois, sob o bilionário Jeff Bezos, conduziu o Washington Post ao mundo digital e de volta à relevância. Ele tem razão. Mil adjetivos não substituem uma informação exclusiva de qualidade.

É bastante provável que a revelação pela Folha, entre o primeiro e segundo turnos, de que a equipe de Paulo Guedes planejava mexer nas regras de reajuste de aposentadoria e salário mínimo tenha abalado mais a candidatura de Bolsonaro que milhares de posts publicados nas redes sociais naquele período.

Um exemplo entre tantos que foram e têm sido veiculados por títulos como UOL, O Estado de S. Paulo, O Globo, G1 e Valor Econômico. Ao abrir mão da busca pela objetividade, o jornalismo passa a ser militância e perde a eficácia. Ao praticá-la, fortalece a democracia.

É o que este jornal defende e, com erros e acertos, procura fazer diariamente.

editoriais@grupofolha.com.br

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