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O que a Folha pensa Banco Central

O PIB resiste

Sobem projeções para este ano, mas é preciso corrigir rumos para um melhor 2024

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Contêineres no porto de Santos (SP) - Eduardo Anizelli/Folhapress

A atividade econômica no Brasil está em desaceleração, mas em ritmo bem menor do que o esperado. Os números do desempenho de emprego, varejo e serviços de fevereiro e março foram uma surpresa positiva, assim como o indicador de atividade do Banco Central.

Economistas do setor privado passaram a revisar suas previsões para o crescimento do Produto Interno Bruto neste 2023, alguns para a cercania de 2%. O Ministério da Fazenda também deve revisar suas estimativas para cima.

Tal estado de ânimo ainda não é evidente nas projeções do Boletim Focus, publicação do BC que compila projeções do mercado. No último boletim, com dados de 28 de abril, a expectativa mediana de crescimento do PIB é de 1%.

Os motivos dos resultados em certa medida surpreendentes são, provavelmente, um nível de emprego e rendimento do trabalho ainda crescentes em relação ao ano passado, o aumento da despesa com benefícios sociais e a grande safra agrícola. Embora o total de concessões de novos empréstimos para empresas esteja em queda desde o final de 2022, o crédito para pessoas físicas ainda resiste.

É possível que o PIB trimestral passe a recuar a partir de metade do ano. As taxas de juros bancários estão altas, a inadimplência aumentou, a captação de recursos no mercado de capitais estava em forte queda até março.

O ritmo da economia mundial é declinante, na média. A confiança de empresários e consumidores parou de diminuir em março, mas se encontra em níveis desanimadores. Por ora, não há sinais de novos impulsos para a atividade econômica, a não ser que sobreviesse expressiva queda da inflação.

A economia aquecida deve ser também um dos motivos da até agora persistente alta de preços. Em decorrência, a Selic deve baixar menos e mais devagar, o que foi sublinhado na quarta (3) pelo BC.

É mais empecilho para uma retomada em 2024. Segundo o Focus, a mediana da previsão de crescimento para o ano que vem é de 1,4%.

No entanto é possível melhorar os ânimos. Uma regra fiscal mais rigorosa quanto a metas de superávits e menos tolerante com o aumento de despesas pode contribuir para melhoras em taxas de câmbio e de juros no mercado, assim como o faria uma aprovação da reforma tributária.

Evitar retrocessos na regulação do investimento privado também seria uma contribuição de valor.

O governo perdeu tempo e boa vontade ao criar polêmicas contraproducentes, em vez de se dedicar à reconstrução das instituições e à inovação nas políticas públicas e econômica. Ainda é tempo de rever prioridades e melhorar as perspectivas para 2024.

editoriais@grupofolha.com.br

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