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Queda à vista

Surgem sinais de corte do juro do BC, que depende da responsabilidade do governo

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Sede do Banco Central, em Brasília - Gabriela Biló/Folhapress

Mesmo com as incertezas vigentes na economia internacional e na conjuntura doméstica, que ainda resultam em riscos para a inflação, começa a se consolidar a perspectiva de redução da taxa básica de juros no segundo semestre.

Embora o Comitê de Política Monetária tenha mantido a Selic em 13,75% ao ano, a ata da reunião trouxe sinais de que há maior conforto com o balanço de riscos adiante.

O Copom mantém a cautela, ao destacar fatores que ainda podem dificultar a convergência da inflação para a meta de 3% em 2024.

Em especial, há incerteza em relação à nova regra de controle das contas públicas que substituirá o teto de gastos, ao passo que as expectativas para o índice de preços ao consumidor permanecem elevadas e ainda distantes dos objetivos do Banco Central.

Contudo o órgão reconhece que a divulgação de uma norma fiscal pelo governo contribuiu para reduzir o risco de cenários mais adversos de descontrole da dívida e disparada da taxa de câmbio, da inflação e dos juros no mercado.

A proposta ainda precisa ser votada no Congresso, e espera-se que o Parlamento endureça a versão vinda da Fazenda, retomando os gatilhos de ajuste e punições no caso de descumprimento das metas de superávit nas contas.

A economia também dá sinais incipientes de desaceleração. Embora o resultado do primeiro trimestre tenha sido sólido, em parte devido ao excelente desempenho do agronegócio, acumulam-se evidências dos efeitos da restrição monetária. O crédito e o ritmo de criação de novos empregos mostram acomodação, o que sugere um menor vigor da demanda.

O risco ainda presente é a persistência de projeções elevadas para o IPCA —de 6,1% e 4,2% para este ano e 2024, respectivamente. Porém, com o avanço da tramitação da regra fiscal e outros fatores capazes de reduzir pressões inflacionárias, como a queda das matérias-primas internacionais e de preços no atacado, além da valorização do real, o prognóstico é de acomodação dos juros.

Tal trajetória já é incorporada pelo mercado, que indica a taxa básica em torno de 11,5% no final de 2023. É uma melhora em relação ao início do ano, quando as desastrosas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra a responsabilidade fiscal fizeram disparar o custo do dinheiro.

A retórica agressiva só gerou perda de tempo. Com a melhora das últimas semanas, as expectativas apenas retornaram ao patamar anterior à celeuma presidencial.

É preciso muito mais. Consolidar juros de um dígito em 2024 e adiante demandará seriedade na definição de metas fiscais e, principalmente, no seu cumprimento.

editoriais@grupofolha.com.br

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