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Lula ao vivo

Petista avança em relação a lives de Bolsonaro, mas falta interação com imprensa

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - Juan Medina/Reuters

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) realizou, na manhã desta terça (13), o que deve ser a primeira de uma série de transmissões ao vivo por redes sociais. É uma estratégia da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) para ampliar o diálogo com a população.

No primeiro programa, disse que anunciará em julho a retomada de grandes obras de infraestrutura, prometeu políticas públicas para a classe média e comentou sobre o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia.

É positivo que o presidente esteja interessado em estabelecer um canal de comunicação com os brasileiros. O diálogo por certo é preferível à atitude, comum em governantes, de encastelar-se no poder sem a preocupação de dar satisfação merecida aos cidadãos.

O formato da transmissão, uma entrevista concedida a um jornalista que faz parte dos quadros da administração, também representa um avanço em relação às chamadas "lives" da gestão anterior, em que Jair Bolsonaro (PL) falava diretamente a apoiadores em transmissões de vídeo por Facebook e Youtube, sem questionamentos.

Contudo a fórmula petista ainda está longe da ideal. Em democracias mais maduras, é tradicional que mandatários participem periodicamente de entrevistas individuais ou coletivas conduzidas pela imprensa profissional.

É fácil prometer mundos e fundos quando se fala sozinho. A consistência dessas promessas, ou a falta dela, fica mais clara quando o governante se submete ao escrutínio de jornalistas que se prepararam para o debate e têm o papel de fiscalizar o poder público.

No presente caso, quando Lula falou em reeditar programas de obras que tiveram sucesso em suas gestões anteriores, teria sido oportuno perguntar ao presidente se ele está ciente de que a situação fiscal do Estado brasileiro hoje não é a mesma do início do milênio, o que pode ser um complicador para seus planos.

Se mostrasse que o governo levou isso em consideração no desenho da proposta, ela se mostraria mais sólida aos olhos do público. Caso contrário, revelaria um caráter populista da medida. Ruim para ele se tal dúvida fosse propagada, mas positivo para o país.

No final de dezembro, pouco antes de assumir e falando a apoiadores, Lula pediu que fosse cobrado.
Disse que seu governo não precisava de "puxa-sacos" e que a cobrança é uma forma de evitar o erro e aprimorar a gestão. Lula deveria ouvir a si mesmo e interagir mais com a imprensa profissional.

editoriais@grupofolha.com.br

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