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Brasil sobe no ranking de paridade de gênero, mas falta participação na política

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Manifestantes participam de passeata no Dia Internacional da Mulher, em São Paulo (SP) - Marlene Bergamo/Folhapress

O Brasil saltou 37 posições no Global Gender Gap, ranking do Fórum Econômico Mundial que avalia a paridade de gênero em 146 países. Com 0,696 ponto, ocupávamos o 94º lugar em 2022. Neste ano, passamos para o 57º, com 0,726 —quanto mais próxima de 1 é a pontuação, maior a igualdade.

A média mundial é de 0,684. No topo, o modelo nórdico da Islândia (0,912); de pior, o regime teocrático do Afeganistão (0,405).

Em comparação com países da América do Sul, estamos atrás do Chile, 27º colocado, e da Argentina, 36º, mas superamos o Uruguai, 67º.

A melhora brasileira se deve à alta da participação das mulheres na política, apesar de esse ser o quesito em que o país tem pior nota.

As nações são avaliadas a partir de quatro critérios: participação e oportunidades econômicas (o Brasil ficou com 0,670), oportunidades educacionais (0,992), acesso à saúde (0,980) e empoderamento político (0,263). Neste último, quase dobramos o 0,136 do ano passado.

Isso porque, nas últimas eleições, houve mudanças no panorama do poder. Ante três ministras no governo anterior, o atual tem 11 entre 37 pastas —maior relação já apurada no país, segundo o relatório.

O índice de deputadas também cresceu, de 15% em 2018 para 17,5% em 2023, de acordo com dados da União Inter-Parlamentar. Contudo, no ranking de 189 países da UIP, o Brasil ocupa a 131ª posição. Estamos muito longe da ocupação feminina no Legislativo de 46,2% da Bolívia ou de 44,8% na Argentina.

Em relação à saúde e à educação, o Brasil está no mesmo patamar do mundo desenvolvido, mas a participação econômica das mulheres deixa a desejar. O papel reprodutivo ainda impacta sobremaneira o acesso ao mercado de trabalho.

Pesquisa do IBGE de 2021 mostra que apenas 54,6% das mulheres que vivem com crianças de até 3 anos conseguem trabalhar, ante 89,2% dos homens na mesma situação.

Implementar rede de creches é, portanto, premente. Divisão das tarefas domésticas e jornadas de trabalho mais flexíveis para as trabalhadoras também contribuem para diminuir desigualdades.

A sociedade brasileira é receptiva ao tema. Para 56% da população, segundo o Datafolha, o número de mulheres em cargos de chefia nas empresas é menor do que deveria. Em relação à participação política, 57% acham que deveria ser maior.

Mudanças culturais e políticas baseadas em evidências são caminhos para que o país avance.

editoriais@grupofolha.com.br

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