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Mundo faminto

Fome global avança, mas é contida no Brasil graças à transferência de renda

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Pessoa em situação de rua busca alimento em lixeira na Praça da Liberdade, em São Paulo (SP) - Rubens Cavallari/Folhapress

Além de colapsar sistemas de saúde em todo o mundo, a pandemia de Covid-19 impactou a economia global, com desaceleração brutal da atividade, desemprego e perda de renda; depois, inflação e consequente alta dos juros.

O resultado foi o aumento da fome, como mostra o relatório Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo, produzido pela Organização das Nações Unidas (ONU) e divulgado na quarta (12). O documento é um alerta para que governos implementem políticas públicas que mitiguem o flagelo.

A metodologia do levantamento considera três situações para a alimentação: a fome, caracterizada pela desnutrição; a insegurança alimentar severa, quando o indivíduo fica um ou mais dias sem comer; e a moderada, quando há redução na quantidade de comida e incerteza quanto ao seu acesso.

No ano passado, 2,4 bilhões de pessoas estavam em situação de insegurança alimentar severa ou moderada, enquanto 735 milhões passavam fome —o que representa 9,2% da população mundial. São 122 milhões de pessoas a mais em estado de desnutrição ante 2019, ano anterior à pandemia, quando a fome atingia 7,9%.

No Brasil, 4 milhões de pessoas estavam em situação de insegurança alimentar severa entre 2014 e 2016 (1,9% da população). Entre 2020 e 2022, o número saltou para 21 milhões (9,9%). Contudo, nos mesmos períodos, a fome caiu de 12,1 milhões (6,5%) para 10,1 milhões (4,7%).

Chama a atenção que o Brasil tenha sido o único país da América do Sul, exceto a Guiana, que obteve queda no índice da população que não conseguia pagar por uma dieta saudável entre 2019 e 2020, de 18,8% para 12,7%.

Os números revelam o papel dos programas de transferência de renda. Em março de 2020, o Congresso aprovou o auxílio emergencial de R$ 600. Dois anos depois, Jair Bolsonaro (PL) reeditou o benefício, por motivos eleitoreiros, sob o nome de Auxílio Brasil. Em junho deste ano, o novo Bolsa Família começou a pagar R$ 705,40 mensais, o maior valor da história.

É preciso agora manter o aprimoramento do cadastro dos beneficiários para que o dinheiro chegue a quem de fato precisa. Ademais, o programa não exime o governo de implementar uma política econômica racional no trato do gasto público, que estimule o crescimento sem inflação —medidas fundamentais para os mais pobres.

editoriais@grupofolha.com.br

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