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Cesar Cunha Campos

Brasil deveria pautar a sustentabilidade ambiental, não ser pautado por ela

Falta uma divulgação confiável de informações, sejam positivas ou negativas

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Cesar Cunha Campos

Diretor da FGV Europe, escritório internacional da Fundação Getulio Vargas

A riqueza florestal do Brasil é um de seus maiores ativos. Cerca de 59% do país é coberto por florestas naturais e plantadas. Abriga grande parte da maior floresta tropical do mundo, a Amazônia, considerada a mais importante reserva de diversidade biológica do planeta.

Sua preservação é uma preocupação nacional e internacional. Nossa legislação ambiental é uma das mais avançadas do mundo, mas a tarefa de preservação não é trivial. Envolve o monitoramento de uma área que tem a extensão de vários países europeus somados, com imensas dificuldades de acesso, e exige vultosos recursos humanos e financeiros.

Mas a política protecionista brasileira, mesmo com a sua relativa precariedade de controle, demonstrou seus resultados. Segundo a WWF-Brasil, 80% da floresta amazônica original permanece praticamente intacta. É viável, portanto, cuidar desse patrimônio de milhões de espécies, entre animais e plantas, que representa um imenso valor para toda a humanidade.

Entretanto, muitas das vezes, por desconhecimento ou interesses comerciais, o Brasil é visto como um país que não preserva sua riqueza florestal. Imagem que prejudica os produtos brasileiros e não reflete a realidade dos esforços protecionistas do país. Urge refletir como combater esse problema.

Na era da comunicação, é nítido que não nos comunicamos bem. Não há uma estratégia brasileira clara de divulgação confiável de nossas informações, sejam elas positivas ou negativas. Muitas das vezes as notícias, no ambiente internacional, são tendenciosas e se baseiam em organismos que não têm representatividade técnica para tanto, mas causam danos à imagem do Brasil e de seus produtos.

Uma estratégia de combate seria assumir o protagonismo da situação, com um planejamento de divulgação constante, abrangente e consistente, de todos os esforços empenhados pelo Brasil na preservação do meio ambiente. Temos que divulgar os resultados já alcançados e do que ainda falta fazer, inclusive para ampliar o alcance de parcerias internacionais. Há muitos recursos internacionais disponíveis para ações de preservação do meio ambiente.

Complementarmente, seria relevante que marcas e produtos brasileiros fossem associados à sustentabilidade, da mesma maneira que o Japão é associado à tecnologia, a Alemanha à engenharia automobilística, a Itália ao design e a Colômbia ao café de qualidade superior. São casos que servem de benchmark, especialmente o da Colômbia, já que essa percepção sobre o café colombiano não é "orgânica", mas o resultado de um esforço publicitário de décadas.

Em síntese, o Brasil deve e pode divulgar os seus esforços pela sustentabilidade ambiental, valorizando o que já foi feito, sem ocultar os desafios. Basta, apenas, divulgar informações reais e confiáveis para deixar muito claro que o Brasil é um país com condições de pautar a questão da sustentabilidade ambiental mundial e não ser pautado por ela.

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