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Roque Albuquerque

Uma Unilab para todos

Não é nos dividindo que iremos superar os nossos problemas

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Roque Albuquerque

Reitor da Unilab (Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira)

O texto "Unilab, universidade pública mais preta do Brasil, pede ajuda e atenção", publicado no blog "Guia Preto", desta Folha, chama a atenção pelo excessivo tom opinativo. Como se fosse um artigo, está eivado de ilações sem amparo na realidade e se mostra refém de uma narrativa separatista que, ao invés de fortalecer, só tende a fragilizar o projeto e a missão educacionais da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira.

Logo no início, a reportagem diz que o projeto está "à beira do colapso" e é "resultado de anos de abandono". Quem conhece minimamente a vida acadêmica pulsante da Unilab, nos campi da Bahia e do Ceará, sabe muito bem que estamos longe de um colapso —assim como nenhum projeto educacional sério e competente, como é o desta universidade, reconhecida nacional e internacionalmente, resiste ou resistiria a "anos de abandono".

Estudantes africanos em campus da Unilab na Bahia
Estudantes africanos em campus da Unilab, na Bahia - Heitor Salatiel


Não satisfeito, o texto continua: "Os recursos para investimentos parecem provar a tentativa de desidratar o campus, que não recebeu nenhum centavo nem em 2022, nem em 2021".

Ora, a própria imprensa cansou de fazer reportagens explicitando a completa ausência de investimentos nas universidades no governo federal anterior (2019-2022). Logo, a falta de investimento não foi uma particularidade da Unilab, seja na Bahia ou no Ceará, mas um mal-estar vivido por todas, levando muitos reitores a afirmarem, por diversas vezes, que as universidades iriam fechar suas portas por falta de recursos para custeio.

Neste cenário macroeconômico decadente, que não se vislumbrou investimento nem em sinal de fumaça, afetando a vida de todas as universidades brasileiras, chega a ser leviano por parte da reportagem alegar a falta de investimento geral como uma "tentativa de desidratar o campus [Malês]". Aliás, nunca houve, por parte desta gestão, qualquer ação que resultasse no enfraquecimento do Campus dos Malês. E por uma razão simples e notória: a Unilab é única na sua extrema diversidade e, portanto, atentar contra um campus seria ir contra todo o projeto unilabiano. Ora, aqui que defendemos uma Unilab única!


Mas fica explícito, a cada parágrafo, o tom divisionista da reportagem, fazendo querer crer que a origem de todos os problemas é devido ao fato de a "universidade ter sede no Ceará e outra unidade na Bahia", alegando, sem dados concretos e na esteira opinativa, "que o campus de São Francisco do Conde, chamado de Malês, ficasse relegado à própria sorte, sem verbas, atenção ou incentivos".

E, por fim, como não poderia ser diferente, o próprio texto aponta a solução definitiva para todos os males: "Uma das alternativas de fortalecimento do campus Malê [sic] da Unilab é transformá-lo na Ufab - Universidade Federal África Brasil, propondo sua emancipação". Bingo!

Não é nos dividindo que iremos superar os nossos problemas. Esta gestão superior foi eleita democraticamente, inclusive com larga maioria no Campus dos Malês, por entender e trabalhar, diuturnamente, por uma Unilab para todos nós, Ubuntu.

Para saber mais sobre o enfrentamento do problema com o Restaurante Universitário o Malês, clique aqui.

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