Em 27 de outubro, dia de seu aniversário, o presidente Lula (PT) recebeu dezenas de profissionais da imprensa no Palácio do Planalto para um café da manhã. As imagens do mandatário ao lado da primeira-dama em uma mesa repleta de jornalistas resultaram em uma série de criticas na redes sociais.
O rebuliço aconteceu porque o presidente, que escreveu no antigo Twitter ter tido um diálogo em clima democrático e "na maior civilidade" com representantes da imprensa, e segundo o qual raça e gênero não são critérios para suas decisões, recebeu apenas convidados brancos.
Um dos apontamentos feitos por internautas é verdade: se o mandatário tivesse convidado veículos sem especificar nomes de jornalistas, seria da grande mídia a responsabilidade de enviar representantes diversos —que, sabemos, são minoria em Brasília.
Por outro lado, portais e agências de notícias voltados à temática racial dizem sequer terem sido convidados. Formados majoritariamente por profissionais pretos e pardos, não haveria dúvidas de que seriam representados por esses grupos.
Mas chefes de Estado não convidam qualquer um à mesa e não delegam a entes externos suas decisões. Os convites para o aniversário de Lula foram nominais, cabendo a ele, que perdeu a terceira mulher do alto escalão do governo na última semana e que se recusa a indicar uma ministra negra ao STF (Supremo Tribunal Federal), a escolha de convidar jornalistas negros para o evento.
Como todo posicionamento é político e, felizmente ou não, se baseia em critérios de raça e gênero, não é de se espantar que a ministra da Cultura, Margareth Menezes, tenha conseguido reunir jornalistas negras para um café da manhã.
Em 25 de julho, ela organizou um encontro 100% formado por profissionais renomadas, competentes e de diferentes regiões do país.
Se tivesse sido assim com Lula, mais do que um diálogo pacífico, seus convidados negros trariam as perspectivas do povo e aumentariam o nível de democracia do encontro. Afinal, 56% da população brasileira é negra, segundo o IBGE.
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