Na última segunda-feira (13), a organização internacional Transgender Europe (TGEU) lançou seu monitoramento anual de assassinatos de pessoas trans, correspondendo ao período de outubro de 2022 a setembro deste ano.
Dentre os 320 casos mapeados em todo o mundo, 100 deles (31%) ocorreram em nosso país. Tendo em vista que lideramos o ranking desde o primeiro levantamento, que foi realizado de 2008 a 2009, os dados disponibilizados pela TGEU expõem o quadro de violência persistente que vem sendo registrado no Brasil há mais de uma década.
Diante de uma conjuntura transnacional em que o direito à identidade de gênero vem sendo atacado, os dados do "Observatório de Pessoas Trans Assassinadas", que são reunidos a partir da contribuição de ativistas e organizações de diferentes territórios, também revelam as implicações globais das políticas antitrans: 94% das vítimas eram mulheres trans, travestis e outras identidades transfemininas; 48% delas exerciam trabalho sexual; 80% eram racializadas; e a faixa etária com o maior número de assassinatos foi a de 19 a 25 anos.
Vemos cada vez mais travestis e transexuais adentrarem novos espaços para reivindicar publicamente o seu direito à cidadania. Representantes como a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), a deputada estadual Dani Balbi (PC do B-RJ) e a vereadora por Niterói (RJ) Benny Briolly (PSOL) estão disputando em suas respectivas Casas legislativas um projeto mais amplo de nação. Apesar das reações neoconservadoras, seguem buscando alargar o próprio sentido da democracia.
Ainda assim, o fato de o Brasil continuar sendo o país mais letal para pessoas trans expõe a urgência de promover ações de reparação. A recusa do Estado brasileiro e de outras instituições em reconhecer a violência dirigida à diversidade de gênero contribui para que o país permaneça na vanguarda da transfobia.
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