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Pausa necessária

Trégua com Hamas deveria ser estendida, mas falta clareza aos planos de Israel

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Manifestantes pedem a libertação de reféns sequestrados pelo Hamas, em Tel Aviv (Israel) - Ahmad Gharabli/AFP

Na madrugada desta quarta-feira (22), o 47º dia da guerra entre Israel e Hamas, o Estado judeu aprovou uma trégua nas ações promovidas na Faixa de Gaza, governada pelo grupo terrorista palestino desde 2007. Não era sem tempo.

Após o choque com as atrocidades sofridas em 7 de outubro, na ofensiva que matou ao menos 1.200 pessoas e deixou 236 reféns, nas contas de Tel Aviv, Israel decidiu aniquilar o Hamas como grupo militar e estrutura terrorista.

O problema é que não se faz isso sem matar inocentes, particularmente em um ambiente de conflito urbano no qual o inimigo está misturado à população.

E a conta em sangue tornou-se impagável. Os israelenses mataram em média cerca de 300 pessoas por dia —desde que começaram a bombardear Gaza no mesmo dia em que foram atacados.

Na terça (21), quando o acordo mediado pelo Qatar foi costurado, havia 14.128 mortos, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, cujos dados são pouco contestados. O que não se sabe, e aí mora a perversidade do conflito, é quantas dessas vítimas eram combatentes.

Por evidente, as imagens dizem o óbvio: há uma proporção enorme de crianças e mulheres, que não pegaram em armas.

A trégua, de quatro dias a partir desta quinta (23), também trata da questão dos reféns.

Eles começarão a ser trocados por prisioneiros palestinos. Em 2011, uma prática análoga levou 1.027 pessoas a serem soltas para que o Hamas libertasse 1 soldado israelense. Hoje, a proporção tende a cair a 3 presos para cada refém.

O acerto resulta da pressão externa sobre Israel, incluindo os aliados Estados Unidos, e do ambiente doméstico para o premiê Binyamin Netanyahu, pressionado por familiares dos sequestrados.

Do lado do Hamas, a pausa sugere a busca por sobrevivência política, pela liderança em confortável exílio no Qatar, já que militarmente o grupo está sendo trucidado.

O Irã, seu fiador, já havia se queixado do voluntarismo do grupo. Seu preposto libanês, o Hezbollah, negociou entrar na trégua sem nem sequer ser chamado.

Em nome dos civis e dos reféns, a trégua deveria ser estendida ao máximo, até chegar a um acordo final, mas Israel avisou que a guerra recomeça na hora em que ela cessar.

Politicamente, há pouco que o governo conservador possa fazer enquanto não for possível declarar o Hamas inabilitado.

O problema é quando isso irá ocorrer, dada a clara opacidade de Israel, criticada até pelos EUA, que questionaram a ação terrestre contra o sul de Gaza devido à ausência de planos para proteger os civis lá concentrados, enquanto os combates ocorrem no norte.

editoriais@grupofolha.com.br

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