Descrição de chapéu
O que a Folha pensa petrobras

Petrobras em disputa

Pedido de ministro por redução de preços escancara intervencionismo petista

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, e Jean Paul Prates, presidente da Petrobras - Pedro Ladeira/Folhapress e Tânia Rêgo/Agência Brasil

O controle da Petrobras foi um item importante da campanha eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ainda é uma tentativa de política do presidente da República, da maioria de seus ministros e assessores relevantes na área econômica e de seu partido.

Dado que a petroleira é uma empresa mista com maioria estatal, o debate sobre o que o governo pode ou não fazer de suas diretrizes tem cabimento —em tese.

No mundo real, entretanto, o programa petista se baseia em intervenções nos preços, em diminuir ou acabar com as normas que restringem as nomeações para a direção e, no limite, definir o projeto de prioridades e investimentos de acordo com os interesses mais imediatistas do Planalto.

Lula nomeou para o comando da companhia um ex-senador do seu partido com uma carreira política dedicada a assuntos do petróleo, Jean Paul Prates. Não obteve do companheiro, porém, as medidas que julga adequadas, ao menos na velocidade desejada.

Embora de fato pareça inclinado a facilitar nomeações políticas para a diretoria, o presidente da Petrobras se rendeu a alguma racionalidade, às restrições da Lei das Estatais e às pressões de uma diretoria mais técnica.

A insatisfação governista se tornou pública de modo vexatório desde o final da semana passada, com um bate-boca entre o chefe da pasta de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), e Prates. O ministro quer mais redução de preços. De fato, quer intervir no plano de investimentos da companhia, que seria divulgado nesta semana.

Para isso conta com o apoio de Rui Costa (Casa Civil), que almeja o "abrasileiramento" dos preços da petroleira e investimentos que colaborem com o programa econômico de Lula —Costa também é apontado como o principal adversário no governo da política econômica de Fernando Haddad.

Em resposta, Prates argumentou, com base na Lei das Estatais e no estatuto da empresa, que intervenções em preços, ou outras que desviem a Petrobras do objetivo da rentabilidade, demandam contratos com o governo que estipulem também o eventual pagamento de futuras perdas.

Como resultado, foi chamado ao Palácio por Lula para uma reunião com outros ministros. Sua cabeça parece a prêmio, por não se adequar à linha justa do partido.

Depois de desastres, em especial na Petrobras sob Dilma Rousseff, aprovou-se a Lei das Estatais, com o propósito de evitar interferências políticas ineptas em empresas públicas. Lula e o PT querem derrubar essa limitação a seu poder, em nome do bolso popular e do "desenvolvimento nacional".

Não aprenderam nada, esqueceram tudo e querem reinventar a roda do fracasso.

editoriais@grupofolha.com.br

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.