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Flávio Zveiter

Precisamos reconstruir a CBF e resgatar o orgulho da seleção brasileira

Não existem fórmulas mágicas, mas há caminhos que podem nos inspirar

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Flávio Zveiter

Advogado, mestre em Sport Business pela Universidade de Nova York, ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, ex-membro do comitê de ética da Fifa

Em meio à maior crise da história do futebol brasileiro, há pelo menos um ponto em que todos concordam: a CBF precisa mudar urgentemente. O mundo se transformou e a CBF parou. Mudar significa inovar, renovar, evoluir, melhorar, buscar um novo caminho.

O futebol brasileiro precisa voltar a encantar e recuperar a conexão com a torcida, e para isso temos o fundamental: os melhores talentos do mundo e uma história que encantou o planeta. E a mudança, onde precisa acontecer? Fora de campo.

Apresentação de Fernando Diniz na sede da CBF, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro - Eduardo Anizelli/Folhapress

O futebol precisa voltar a ser o futebol brasileiro de verdade, adaptado ao século 21, modernizado, profissionalizado, transparente e com tudo o que existe de melhor fora e dentro dos gramados.

Há três pilares fundamentais para que essa mudança ocorra: a CBF como entidade de fomento, através das federações e clubes; uma liga dos clubes, sólida e unificada para realizar a principal competição nacional que apaixona o país; e uma matriz de arbitragem de alta performance que possa entregar melhores resultados.

O fomento ao desenvolvimento do futebol, em suas modalidades masculina e feminina, deve ocorrer em parceria com as federações, de forma inclusiva, respeitando as diversas particularidades e regionalidades: do Tocantins ao Amapá, passando por São Paulo, pelo Sul, pelo Nordeste, ao Amazonas, levando o futebol aos povos originários, com foco no crescimento dos clubes, na geração de oportunidades, na sustentabilidade e no desenvolvimento de novos talentos.

Ferroviária e Corinthians disputam jogo de ida pela final do Campeonato Brasileiro de futebol feminino 2023 na Fonte Luminosa, em Araraquara (SP)
Time do Corinthians antes da final do Campeonato Brasileiro de futebol feminino 2023 contra a Ferroviária, em Araraquara (SP) - Staff Imagens/CBF/Divulgação @BRFeminino

Ao mesmo tempo, a nova CBF deve aprimorar os cuidados das seleções através de um projeto estruturado, capitaneado pelos melhores profissionais e com tecnologia de ponta, integrando a formação de base até as equipes principais.

É urgente resgatar o orgulho imaterial da seleção, que, não à toa, perdeu conexão e protagonismo global por culpa de equívocos de gestão (um dos maiores erros, sem dúvida, é o calendário, que acentuou um antagonismo entre a seleção e os clubes, com prejuízo para ambos).

As competições atraem a atenção e emocionam os brasileiros. É vital que os clubes busquem um consenso para que tenham uma liga unificada para realizar e promover a principal competição nacional, que irá maximizar o potencial esportivo e econômico, tornando a competição um produto atrativo globalmente.

Não é segredo para ninguém que fui um dos primeiros a provocar a discussão e chamar os clubes para a formação de uma liga única nacional. Portanto, chegou a hora de solucionarmos pequenos pontos de divergências. Cabe à CBF, sem qualquer ideia preconcebida ou influência, atuar somente como mediadora e parceira dos clubes, com todo o apoio necessário para que esse projeto avance e se concretize já em 2025.

Além disso, estaduais precisam ser respeitados e valorizados, com patrocínios fortes, gerando emprego e renda, otimizando e unificando direitos. Afinal, foi a partir deles que surgiram os grandes clássicos e os nossos craques.

Um ponto sensível é a qualidade de nossa arbitragem. Urge que tenhamos uma matriz com processos e estrutura, baseados nas melhores práticas internacionais, métricas objetivas, uso de tecnologia e controle de integridade.

Deve-se buscar parcerias e cooperação internacional e o possível para aprimorar desde a formação até a atuação de nossos árbitros, que demandam, com razão, uma valorização justa pelo trabalho que executam nos gramados do país.

A profissionalização dos quadros de gestão executiva é essencial para que esses pilares mencionados acima se desenvolvam dentro de diretrizes de governança sustentadas nos melhores padrões globais corporativos. A CBF é uma gigante que precisa ser gerida como tal.

São todas mudanças essenciais que devem preservar as raízes e a história que fazem o nosso futebol único. Devemos, juntos, buscar uma renovação com novas práticas para que o Brasil volte a ser o melhor do mundo.

Precisamos reconstruir a CBF e unir o futebol brasileiro. Federações e clubes são parte de um todo e cada parte tem um papel essencial para fomentar e promover o esporte.

Não existem fórmulas mágicas, mas há caminhos que podem nos inspirar, e estou disposto a encarar e liderar esse desafio em conjunto com todos aqueles que desejam ver o futebol brasileiro grande novamente.

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