A guerra que assistimos no Oriente Médio se estende há décadas, sem que a humanidade, e os habitantes da região, consigam pelo menos iniciar um processo em direção à paz. Sectarismos, racismos violentos e intolerâncias extremas chegaram a um nível poucas vezes atingido na história da humanidade.
Conflitos anteriores ao redor do mundo ainda não nos ensinaram os extremos que o ódio e a ambição atingem. Sentimentos perigosos e destrutivos, que podem levar-nos à irracionalidade, que mostram o quanto as sociedades não estão preparadas para conviver com um mínimo de harmonia. Diálogos que deveriam nos levar a compreensão e soluções hoje são substituídos pela selvageria a que assistimos diariamente. Sociedades cultas deixam se penetrar pelas piores irracionalidades, sem limites, que nossa pretensa civilização permite aflorar sem qualquer tipo de censura eficiente.
Aqui, a força vence a razão. Assistimos a guerras mundiais prévias, e tantas outras, que nos levam a pensar que guerra está atavicamente ligada ao animal humano, como muitos pensadores preconizam. É só abrir um livro de história para se chegar a essa conclusão, observando, tal e qual no Coliseu de Roma, matanças indescritíveis. Sempre se imaginou que a humanidade tivesse sido criada para aprender a evoluir. Não é o que observamos, apesar das inúmeras crenças e religiões existentes, que infelizmente não acompanham o crescimento das tecnologias.
Quando lemos reportagens, assinadas ou não, na imprensa leiga, que deveria sempre dar espaço a todos os lados, notamos os malefícios de opiniões radicais, fanáticas, bem recebidas por segmentos sectários da sociedade, que se dedicam a difundir suas "verdades" sem um mínimo de crítica construtiva.
Algumas retratam palestinos como ratos. A mesma autora teria coragem em retratar israelenses como porcos? São jornalistas mantidos para "fazer as cabeças" dos leitores e aumentar as discórdias —e ódios. É um jogo sujo de interesses para destruir o "outro". Entendo perfeitamente que as divergências existem, e devem existir, para nos levar a entendimentos.
Hoje, se as divergências se exacerbarem, são resolvidas com guerras. Compreendo a existência de algumas delas, mas o que vemos atualmente é a consequência de ódios patológicos. Massacres, vinganças, selvagerias, bombardeios indiscriminados tornaram-se lugar-comum, muitas vezes estimulados de forma doentia. Não adianta repetir que o ser humano é assim. É assim em sociedades que podem ser cultas, porém incivilizadas.
Acredito na consciência universal, que ainda está latente nesta fase de nossa pretensa evolução, cuja função é domesticar esses sentimentos, presentes em todos nós. Isso tudo é dito para ilustrar o mau exemplo que nossos patrícios estão dando no Oriente Médio, que é o berço da civilização. Provam que é fácil fomentar sectarismos, que levam a guerras.
Lendo as diferentes fontes de informação, podemos entender como chegamos a isso. Estudando a juventude hitlerista, notamos o quão fácil é "educar" a sociedade para o fanatismo. Quem nunca se empolgou na infância com um texto radical? Em nosso país, e no mundo todo, temos inumeráveis exemplos de tiranos que convenceram multidões, despertando o que de pior há no ser humano.
Hoje, o exemplo maior vem do Oriente Médio, que é o berço das religiões monoteístas, deturpadas a tal ponto que seus representantes aceitam as barbaridades que seus discípulos praticam. Textos, escritos por não sei quem viram leis de vida e morte e, se contestados, levam a reações violentas com excomunhões, banimentos, fogueiras e massacres, praticados e tolerados em nome de "Deus".
Se ele existir, e acredito nele, não deve estar satisfeito com as suas criaturas.
Como povos que tanto fizeram pela humanidade podem atingir esses níveis de desumanidade? Será que é tão difícil conviver com o diferente em crenças, cor de pele e hábitos? Não deveríamos ser santos nem demônios. Mas será que é tão difícil abrir uma porta por meio do diálogo? É o que seus livros preconizam, mas as lições estão sendo difíceis de serem aprendidas. E, quanto mais passa o tempo, mais o problema se aprofunda, com interesses materiais e radicais cada vez mais presentes, envolvendo países os mais diversos pelo mundo. Será que essa dificuldade de diálogo e respeito é natural do ser humano? Nossa realidade se esforça para demonstrar que sim, indo contra qualquer tipo de intenção construtiva.
Não há otimismo em futuro próximo nessa região. Acredito que a única forma de solução esteja com a formação de dois Estados, mesmo que o mundo seja obrigado a impor esse caminho. Talvez assim esses povos aprendam a dialogar, a se entender com o passar do tempo, antes que se destruam.
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