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Rony Vainzof e Andrea Vainer

O perigo do antissemitismo: o 'jamais novamente' é agora

Somos testemunhas da temível escalada de ódio, como sugestões de boicote

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Rony Vainzof e Andrea Vainer

Respectivamente , secretário e diretora jurídica da Confederação Israelita do Brasil (Conib)

No dia 27 de janeiro de 1945, tropas soviéticas libertavam sobreviventes, em situação deplorável, do maior e mais terrível campo de extermínio nazista de judeus e outras minorias, Auschwitz-Birkenau.

Referida data foi estabelecida em memória às vítimas do Holocausto por resolução da ONU, em 2005. O órgão reafirmava que o Holocausto será para sempre um aviso para a humanidade sobre os perigos do ódio, intolerância, racismo e preconceito.

Casa pichada com estrelas de David, em Paris - Lucien Libert - 31.out.23/Reuters - REUTERS

Menos de 80 anos depois do maior crime contra a humanidade da história, somos testemunhas da temível escalada de discurso e atos de ódio contra judeus, no Brasil e no mundo. É o antissemitismo, em todas as suas formas:

1 - Estrelas de David pintadas em edifícios, sugestões de boicote, ameaças e ataques a empresas e lojas judaicas e manifestações favoráveis à erradicação de Israel e de morte aos judeus;

2 - A negação das então reitoras de três das mais importantes universidades dos Estados Unidos em classificar pedidos de "genocídio de judeus" como discurso de ódio, pois "dependeriam do contexto";

3 - O antissionismo, roupagem nova dos que odeiam os judeus, mas não têm coragem de assim se manifestar abertamente: A International Holocaust Remembrance Alliance explica a diferença entre liberdade de expressão, como críticas a Israel, semelhantes às dirigidas ao governo de qualquer nação, para o antissemitismo, como negar ao povo judeu o seu direito à autodeterminação, negar o direito de existência de Israel ou considerar os judeus coletivamente responsáveis pelas ações do Estado de Israel;

4 - A acusação de dupla lealdade, segundo a qual cidadãos ou entidades judaicas de determinados países são mais leais a Israel do que ao seu país natal. Basta lembrar o caso Dreyfus, como o fez recentemente Bruno Bimbi: em 1894, na França, o capitão Alfred Dreyfus, foi condenado à prisão perpétua por traição, acusado injustamente de revelar segredos aos alemães. As provas o inocentavam, mas o Exército e parte da imprensa insistiam: aquele "porco judeu" era um traidor!

O Holocausto não foi um acontecimento casual e repentino. Foi resultado de longo e sistemático antissemitismo fomentado sobretudo por discurso de ódio, incluindo notícias falsas, discriminatórias e teorias conspiratórias, transformado em ação, empresas boicotadas e atacadas, violência física, perda de cidadania, privação de direitos, roubo de bens e agrupamento em guetos —até a ordem de extermínio pelos nazistas.

Israel luta contra o grupo terrorista e genocida Hamas, que prega e age para a sua aniquilação e morte aos judeus. Massacrou barbaramente 1.200 pessoas, torturando, assassinando e mantendo em sequestro, com especial crueldade, bebês, crianças, mulheres e idosos. É assombroso testemunhar o ódio descarado ou envernizado contra os judeus, o qual, em todas as suas variáveis, é crime no Brasil.

Todo o processo que desencadeou o Holocausto e o horror dos campos de concentração são lembranças imprescindíveis para que algo do gênero jamais ocorra novamente. E o "jamais novamente" é agora!

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