O mundo está ciente de que a proteção social é o caminho sustentável para eliminar a pobreza e assegurar alimentação saudável e dignidade para os seres humanos. Em busca de alcançar esse objetivo
—que está presente na Agenda 2030 da ONU—, realizamos em Brasília a primeira reunião virtual da Força Tarefa do G20 para o estabelecimento de uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.
Estiveram presentes 54 delegações e os membros do G20, incluindo a União Africana e a União Europeia, além de diversos países convidados e dezenas de organismos internacionais. No encontro, ao ouvir as representações das mais variadas partes do mundo, me alegrei pela disposição e possibilidade de caminharmos unidos discutindo como deve ser o termo de adesão para a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, proposta do presidente Lula ao assumir a presidência do G20.
A Aliança Global será condição para que possamos travar uma guerra que vale a pena: a guerra contra a fome e a pobreza. Uma guerra onde todos ganham, uma guerra que evita outras guerras. Essa é a boa guerra que o mundo tem de travar.
No encontro, foram apresentados e debatidos quatro relatórios elaborados por organizações internacionais que evidenciam soluções e lacunas nas várias dimensões do enfrentamento à pobreza e à fome, incluindo a produção sustentável de alimentos, a proteção social, a criação de resiliência e a colaboração internacional mais eficaz.
Ficou evidente a importância da existência de uma gama de políticas públicas sustentadas pelo Estado em nível global, embutidas num marco legal e com financiamento suficiente. Isso porque, atualmente, a realidade de múltiplas crises, incluindo a climática e ambiental, além da econômica e dos conflitos em curso, fez crescer novamente a fome, a insegurança alimentar e a pobreza.
Hoje, a renda dos mais ricos é 38 vezes a dos mais pobres. Os 10% mais ricos detêm 76% da riqueza do planeta, enquanto os 50% mais pobres possuem apenas 2%. Cerca de 735 milhões estão passando fome em um planeta que produz amplamente a comida necessária para o sustento de todos.
Reconhecemos que não cabe a essa força tarefa abordar todas as frentes possíveis, todos os fatores desencadeantes da pobreza e da fome. Há muitos foros e iniciativas trabalhando nisso. Porém, identificamos uma abordagem que, se bem trabalhada, pode ter um impacto tremendo na vida dos mais pobres e vulneráveis: a ação decisiva do Estado em seu favor, com políticas bem direcionadas e bem financiadas.
A experiência do Brasil mostra o impacto da implementação de boas políticas públicas contra a fome e a pobreza. Quando tivemos uma boa gama de programas interligados, com participação e controle social, conseguimos vencer a fome e reduzimos a pobreza abaixo da metade.
Em anos recentes, quando esses programas foram desvirtuados, eliminados ou deteriorados, a fome voltou e a pobreza cresceu. Estamos lutando agora para reativar essas ações, com ainda mais força, e tirar o Brasil do Mapa da Fome novamente. Com base nessa experiência, e na experiência bem-sucedida de muitos outros países, acreditamos que podemos reduzir enormemente a fome e a pobreza no mundo.
TENDÊNCIAS / DEBATES
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