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Sombras bolsonaristas

Gestão paulista insiste em medidas de educação e segurança que negam evidências

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Protesto de alunos e professores contra as escolas cívico-militares na Assembleia Legislativa paulista - Zanone Fraissat - 14.mai.24/Folhapress

Eleito com apoio de Jair Bolsonaro (PL) e sua base em São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) acerta quando busca mais moderação política e pragmatismo na administração. Nas áreas cruciais de educação e segurança, porém, permite que pressões ideológicas superem evidências.

Foi o que se viu na terça (21), quando um equivocado projeto do Bandeirantes para a criação de escolas cívico-militares foi aprovado pela Assembleia Legislativa.

Pelo texto, policiais militares da reserva cuidarão da segurança escolar e de "atividades extracurriculares de natureza cívico-militar". Para isso, poderão receber um adicional no soldo que excede o piso salarial de professores.

Nenhum estudo foi apresentado para atestar os eventuais benefícios de tal política para a educação. A razão para essa lacuna é que não há vantagens comprovadas.

O bom desempenho das instituições de ensino que têm o componente militar se deve a fatores alheios à disciplina da caserna, como mais recursos e processos criteriosos para a seleção do alunado.

Outras medidas poderiam aumentar a segurança nas escolas, uma questão de fato preocupante. Ensino integral com atividades extracurriculares, envolvimento da comunidade e da família no processo educacional, introduzir a cultura de paz como componente pedagógico e engajamento com policiamento comunitário fora da escola são algumas delas.

Já na área de segurança pública, o negacionismo revela-se na tibieza com que o governador trata as câmeras corporais da PM, uma política de eficácia já demonstrada pela queda da letalidade policial nos batalhões em que foi implantada.

Em janeiro, ele disse que não investiria mais no programa. Nesta semana, foi publicado um edital que altera o sistema e permite que o aparelho seja acionado diretamente pelo policial ou de forma remota, o que pode impactar a produção de provas em casos de abusos das forças de segurança.

Esses são retrocessos que comprometem a eficácia de serviços públicos fundamentais. Tarcísio paga um pedágio elevado a aliados e apoiadores bolsonaristas.

editoriais@grupofolha.com.br

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