Descrição de chapéu
O que a Folha pensa São Paulo

Cores democráticas

Parada LGBTQIA+ mostra que verde e amarelo não são exclusivos do bolsonarismo

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Participantes da Parada LGBTQIA+ vestem camisetas em verde e amarelo, em São Paulo (SP) - Bruno Santos - 2.jun.24/Folhapress

Neste ano, a parada LGBTQIA+, realizada em São Paulo desde 1997, ganhou um colorido diferente. Do arco-íris que simboliza a diversidade de gênero e orientações sexuais, as cores verde e amarela saltaram para a avenida Paulista sob a forma de adereços e da camisa da seleção brasileira de futebol.

Milhares de pessoas responderam ao convite dos organizadores e de personalidades ligadas ao movimento, atendendo a um propósito de fundo político: retirar do bolsonarismo a apropriação das tradicionais cores brasileiras.

Como se sabe, com os motes de "nossa bandeira não é vermelha" e "Brasil acima de tudo", a direita populista adotou nos últimos anos o uniforme que se transformou em imagem internacional do país.

O nacionalismo cultivado por Jair Bolsonaro (PL) tem raízes na ditadura militar, que tentou capitalizar a conquista da Copa de 1970 como um feito do regime, insuflando um tipo de patriotismo ufanista e incondicional resumido no slogan "Brasil, ame-o ou deixe-o".

O embaraço de alguns setores da esquerda em comemorar abertamente a vitória naquele torneio de certa forma se repetiu em anos recentes. Em que pesem tentativas de recuperar as cores nacionais, o fato é que o verde e amarelo e a camisa da seleção permaneceram como representação cromática predominante nos atos pró-Bolsonaro.

O estopim da novidade foi o show da Madonna em Copacabana, no início de maio. A cantora, que sempre desafiou as visões mais rígidas contra a diversidade de gênero, levou ao palco uma bateria de escola de samba e fez dupla vestida de verde e amarelo com a brasileira Pabllo Vittartambém uma das atrações do domingo na Paulista.

É significativo que a tentativa mais bem-sucedida de quebrar tal polarização tenha surgido agora sob a liderança do movimento LGBTQIA+, numa festa marcada por alegria e ousadia democrática.

editoriais@grupofolha.com.br

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.