Descrição de chapéu
Maíra Habimorad

Tecnologia é ferramenta para reimaginar a aprendizagem

Foco deve ser o uso de maneira construtiva, incorporando-a de forma saudável no cotidiano educacional

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Maíra Habimorad

Presidente do Inteli

Em 2023, o ChatGPT recebeu 6.944 prompts por minuto. A população global com acesso à internet é de 5,2 bilhões, mais que o dobro dos 2,1 bilhões em 2013. Ademais, 65% da geração Alpha deve trabalhar em empregos que ainda não existem.

Esses dados mostram apenas uma fração de um mundo digital interconectado, que força as escolas a enfrentarem o desafio de preparar as crianças de hoje para um futuro repleto de incertezas.

Ao refletir sobre esses dados, eu sempre me lembro de Paulo Freire, que considerava o não pertencimento ao próprio tempo como uma das piores tragédias ao ser humano. Pertencer ao século 21 significa estar preparado para dominar e trabalhar lado a lado com a tecnologia diariamente.

Na prática, muitos educadores ainda não sabem como começar a usar a tecnologia de forma consistente e alinhada ao projeto pedagógico das escolas. O objetivo não deve ser prender os alunos ainda mais às telas de celulares e computadores, mas sim otimizar esse tempo para facilitar o processo criativo e a solução de problemas complexos.

A explosão da demanda por profissionais de tecnologia, acelerada pela pandemia, reforça a urgência de uma reformulação educacional que prepare os alunos para esse cenário. Existem muitos caminhos possíveis para escolas, mas a minha dica é olhar a tecnologia como uma ferramenta potente para reimaginar o processo de ensino-aprendizagem. Dessa forma, podemos ajudar a empoderar os educadores, permitindo que substituam atividades mecânicas ou repetitivas e tenham mais tempo para atuar como mediadores, mentores e designers da aprendizagem.

As plataformas adaptativas têm ajudado professores, gestores e redes de ensino a dar mais autonomia aos alunos e a personalizar o processo de aprendizagem. Com o uso de inteligência artificial, os algoritmos são capazes de sugerir conteúdos em vídeos, games, exercícios e textos de acordo com as necessidades específicas de cada estudante.

Ensinar os alunos a fazerem as perguntas certas e a serem questionadores é crucial na era da IA por diversas razões, como o desenvolvimento do pensamento crítico, necessário para analisar a vasta quantidade de informações, e a adaptação às rápidas mudanças trazidas pela IA nos ambientes de trabalho e sociedade.

Outra vantagem é que, ao incentivar a cultura do questionamento, os jovens passam a "comandar" a IA considerando questões éticas e de responsabilidade relacionadas à privacidade, segurança e tendência.

A reflexão sobre o papel da tecnologia na educação nos leva a uma conclusão importante: proibir seu uso não é a resposta para os desafios contemporâneos. Pelo contrário, o foco deve ser em direcionar seu uso de maneira construtiva, incorporando-a de forma saudável no cotidiano educacional.

As escolas e as famílias têm o dever de orientar os alunos sobre como equilibrar o uso da tecnologia, incentivando-os a refletir sobre as questões éticas envolvidas. É sobre capacitar crianças e jovens a fazerem escolhas informadas e responsáveis no ambiente digital.

TENDÊNCIAS / DEBATES
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.