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Folha proíbe comentários em texto? Sim, às vezes

Jornal fecha espaço para interação ao noticiar mortes que podem incitar comentários de ódio; conheça as regras

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São Paulo

Em fevereiro de 2021, alguns leitores da Folha foram surpreendidos com o fato de a reportagem 'Mãe do empresário bolsonarista Luciano Hang, da Havan, morre em SP após ter Covid-19' estar sem comentários, além de as postagens nas redes sociais Twitter e Instagram terem os comentários barrados.

A maioria das reações nas redes a essa decisão foi positiva. "Folha dá a notícia e retira possibilidade de comentários. Parabéns Folha, mostra respeito e civilidade", disse a leitora Ângela Sollberger.

Houve também críticas, apontando sobretudo uma suposta falta de simetria. "Se fosse um parente do Lula que tivesse morrido, a Folha não teria desativado os comentários", apontou o perfil @pohamila.

Neste começo de 2022, outros dois exemplos surpreenderam os leitores. Inicialmente, no dia 21 de janeiro, quando morreu a mãe do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Nesta terça-feira (25), a Folha novamente bloqueia comentários em textos sobre a morte de Olavo de Carvalho.

De costas para várias pessoas vestidas com uniforme verde, Luciano Hang aparece ao centro da imagem abraçando a filha e a mãe
Luciano Hang, dono da Havan, com a mãe, Regina (à dir.) em encontro com funcionários - Reprodução

Bloquear os comentários não é novidade para a Folha. A medida, que é rara, foi usada, por exemplo, quando morreram a mãe da ex-presidente Dilma Rousseff, Dilma Jane, em julho de 2019, e a ex-primeira-dama Marisa Letícia, em fevereiro de 2017.

​Impedir comentários em reportagens é uma das prerrogativas que a Folha se reserva na gestão da seção para tentar qualificar o debate em torno dos conteúdos publicados.

Todas as reportagens no site passaram a ter comentários em 2012, e quatro anos depois os assinantes passaram a ter exclusividade na seção. Para participar também é necessário estar devidamente cadastrado, com nome e sobrenome verdadeiros, e aceitar os termos de uso.

Entre as regras, estão o veto a comentários que utilizem linguagem chula ou ofensiva, veiculem materiais discriminatórios relacionados à raça, religião ou nacionalidade, ofereçam qualquer tipo de produto para venda ou não tratem do tema da reportagem em que foram postados.

Apenas assinantes da Folha podem opinar ao final dos textos, e os comentários estão sujeitos às regras do jornal. Há uma lista de palavras consideradas problemáticas, revisadas periodicamente, cujo uso leva um comentário à moderação prévia. Ou seja, ele só é publicado após passar pelo crivo de uma equipe de moderação, que tem o direito de excluir opiniões.

Spoiler: não adianta usar subterfúgios para driblar a moderação. Se eventualmente moderarmos a palavra pneumonia, por exemplo, e o leitor escrever p.neu.mo.nia ou pneu/monia, o sistema provavelmente descobrirá e, se não descobrir, a equipe de moderação apagará o comentário quando descobri-lo.

Além de palavras moderadas, o próprio usuário pode ser totalmente moderado caso descumpra com frequência as regras da seção. Neste caso, qualquer texto que queira postar passará pela moderação prévia. Em casos extremos, o leitor também pode ser banido definitivamente.

Cada veículo de comunicação tem sua regra para gerir comentários A do jornal The Washington Post, por exemplo, é parecida com a da Folha, exceto por permitir a participação de cadastrados não assinantes. Já na norma de The New York Times, todos os comentários são pré-moderados e editores destacam as intervenções que consideram mais pertinentes. Mais drásticos foram o jornal britânico The Guardian e o site de tecnologia Wired, que aboliram os comentários de suas páginas.

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