Descrição de chapéu Eleições 2022

'Optei pelo autoexílio', diz leitor sobre grupos de família no WhatsApp

Colocar regras como a de não discutir política não surtiu efeito

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Americana (SP)

Leitores da Folha relataram ter preferido sair dos grupos da família no WhatsApp para evitar desavenças e por questões de políticas e preservar as relações nas eleições deste ano. As tentativas de coibir as discussões com regras não funcionaram muito.

"Optei pelo autoexílio. Não consigo não responder às mensagens absurdas que promovem o desconhecimento e o ódio", afirmou o cientista político Lucas Pereira Rezende, 39, de Belo Horizonte (MG). "Não dá para fazer como o Caetano e dizer 'cara, você é muito burro'. Quando a ignorância empoderada impede qualquer diálogo, o melhor é sair."

"Eu preferir sair dos grupos familiares onde sei que haveria problema. Permaneci apenas nos grupos familiares de trabalho, nos quais não cabia qualquer tipo de discussão política", disse o advogado Rubens Godoy Sampaio, 53, de Taubaté (SP). "No grupo do condomínio, os bolsonaristas desrespeitaram as regras. Então resolvi sair também do grupo do condomínio."

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O professor universitário Adilson Roberto Gonçalves, 55, de Campinas (SP), descreveu um cenário de "carnificina política generalizada" nos grupos que envolvem seus mais de 50 primos —e dos quais ele optou por não participar.

"Tenho a felicidade de não ter nenhum bolsominion no núcleo familiar próximo, que vai de, mãe, irmãos até os cunhados e sobrinhos", afirmou.

O gerente comercial Waldir Barbosa, 51, de Cariacica (ES), disse que participava de dois grupos da família. "No da família da minha mãe, eu pedi para sair. Não tinha regras, e era briga o dia todo", contou. No da família da sua esposa, a regra de que tratasse de política em conversas privadas foi desrespeitada. "Tinha umas brigas também."

No caso da estudante Isabelli Martins, 20, de Barueri (SP), os familiares não impuseram regras, mas tacitamente ignoram conteúdo desinformativo que seja compartilhado pelos demais.

"A maior parte das postagens possui teor político. Há duas ou três pessoas que costumam publicar mensagens amplamente encaminhadas (como indica o próprio aplicativo) que disseminam fake news e tem o objetivo de vangloriar o governo atual. Poucas vezes chega alguém para questionar; acredito que a maior parte dos que não concordam com a disseminação de notícias falsas apenas ignoram o conteúdo (eu inclusa)", disse.

O engenheiro civil Edson Barbosa de Araújo, 68, do Recife (PE) foi exceção entre os leitores da Folha. "Não há problemas porque existe um alinhamento de visão política (à esquerda, quero deixar claro) entre os membros da minha família."

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