Podcast mostra uso político da água no Brasil e distorções no acesso a ela

Destinação de emendas e aparelhamento de estatais agravam desigualdade na construção de cisternas; empresas dizem seguir critérios técnicos

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

No extremo oeste de Alagoas, Ana Maria Domingos, 56, e Moacir Vieira Gomes, 53, vivem em uma região quase esquecida quando o tema é acesso à água: eles dependem da água de riachos a duas horas de caminhada ou mesmo da chuva. Enquanto isso, na Bahia cidades têm cisternas estocadas em depósitos, muitas vezes já em deterioração.

As distorções são um efeito direto da destinação que deputados e senadores dão, em Brasília, para emendas parlamentares —no caso da água, direcionadas a estatais como a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). Ambas foram loteadas para nomes ligados ao centrão no governo Jair Bolsonaro (PL) e assim permanecem.

O mau uso político dos recursos, sem critérios técnicos, se dá em meio ao aumento do peso das emendas no Orçamento da União. Um levantamento da Folha mostrou que a distribuição de reservatórios construídos com o dinheiro de emendas ignorou locais em que eles eram de prioridade alta e beneficiou outros menos necessitados, levando às distorções que penalizam Ana Maria e Moacir, entre outras pessoas.

A Codevasf diz que as doações são realizadas segundo avaliações técnicas, e o Dnocs afirma que as entregas são feitas por meio das emendas, de responsabilidade dos parlamentares. O governo Lula (PT) lançou editais para retomar o programa federal de cisternas, que passou por um desmonte, mas ele ainda não entrou em prática.

O Café da Manhã desta segunda-feira (2) fala sobre as distorções no acesso à água no Brasil e analisa o uso político do recurso no país. O podcast entrevista Artur Rodrigues e João Pedro Pitombo, repórteres da Folha que viajaram por estados do Nordeste para mapear a situação e assinam a série de reportagens Política da Seca.

O programa de áudio é publicado no Spotify, serviço de streaming parceiro da Folha na iniciativa e que é especializado em música, podcast e vídeo. É possível ouvir o episódio clicando acima. Para acessar no aplicativo, basta se cadastrar gratuitamente.

O Café da Manhã é publicado de segunda a sexta-feira, sempre no começo do dia. O episódio é apresentado pelos jornalistas Gabriela Mayer e Gustavo Simon, com produção de Carolina Moraes e Victor Lacombe. A edição de som é de Thomé Granemann e Laila Mouallem.

Imagem de capa do podcast Café da Manhã, com o nome do programa escrito sobre vários recortes de jornais. Logos de de Spotify e Folha de S.Paulo podem ser vistas nos cantos
Podcast Café da Manhã - Reprodução
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.