Novo caso de lobby tira Erenice da Casa Civil; secretário-executivo assume interinamente
Depois da publicação pela Folha de um novo caso de lobby na Casa Civil, a ministra Erenice Guerra deixou o cargo nesta quinta-feira. O atual secretário-executivo da Casa Civil, Carlos Eduardo Esteves Lima, assume interinamente, mas a coordenadora-geral do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), Miriam Belchior, deve ficar com a vaga.
Erenice acertou sua demissão do governo em reunião com o presidente Lula. A Presidência soltará um comunicado sobre a decisão. Mais cedo, ela havia recebido, fora do Palácio do Planalto, o ministro Franklin Martins (Comunicação), emissário de um recado do presidente --de que a situação da ministra havia ficado insustentável e que ela deveria pedir demissão.
Uma empresa de Campinas confirma, segundo reportagem da Folha, que um lobby opera dentro da Casa Civil e acusa o filho de Erenice Guerra, Israel, de cobrar dinheiro para obter liberação de empréstimo no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Erenice também teria atuado, segundo reportagem publicada na revista "Veja", para viabilizar negócios nos Correios intermediados por uma empresa de consultoria de propriedade do filho.
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Belchior é vista como uma "solução caseira", de alguém que já trabalha dentro da Casa Civil e tem perfil discreto, além de contar com a confiança do presidente Lula. Antes da saída de Dilma Rousseff do comando da pasta, Lula chegou a analisar a sua indicação, mas cedeu aos pedidos da hoje candidata do PT à Presidência por Erenice.
O presidente continua mantendo sua confiança na ministra e lhe dá o benefício da dúvida diante das acusações publicadas nos últimos dias, mas avalia que há muitos familiares dela envolvidos em caso de lobby passando pela Casa Civil, o que torna sua situação "insustentável".
Pesa ainda contra Erenice a publicação da nota atacando o candidato tucano José Serra, sem consultar nem mesmo o presidente sobre o conteúdo do documento.
O presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, divulgou hoje nota pedindo o afastamento de Erenice sob o argumento de que as investigações sobre lobby não podem ocorrer com a chefe da Casa Civil no cargo.
"As investigações sobre as crescentes denúncias envolvendo a ministra Erenice Guerra, seus familiares, ex-familiares, assessores e ex-assessores, não podem ser feitas com a atual ministra no cargo, seu afastamento é essencial e deve ser imediato. Diante de tamanho escândalo, não mais se trata de ganhar ou perder votos, de assunto eleitoral, para onde o governo, a candidata e o PT tentaram desviar. O caso é de polícia", Guerra.
Segundo ele, somente o afastamento da atual ministra-chefe da Casa Civil vai permitir a investigação "séria, profunda, transparente e sem farsas, que o Brasil exige e o governo tem a obrigação de permitir". "Caso contrário, será mais um crime envolvendo o PT e suas principais lideranças a ser empurrado para debaixo do tapete."
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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