Candidata, filha de prefeito pede, em vídeo, favores para secretário do pai
Bruna Furlan, filha do prefeito de Barueri, Rubens Furlan (PMDB), e candidata a deputada federal pelo PSDB, é alvo de uma ação no TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral) por compra de votos e abuso de poder político.
A representação tem como base um vídeo ao qual a Folha teve acesso. Nele, durante discurso, Bruna afirma recorrer ao secretário de Saúde da Prefeitura comandada por seu pai para conseguir vagas, remédios e atendimento médico para moradores de cidades vizinhas que procuram o serviço hospitalar de Barueri.
"Quando eles vem ser atendidos no Sameb (Serviço de Assistência Médica de Barueri), que a tia Ana carrega o piano lá, o doutor Maurício, o que eu dou de problema, o que eu dou de encrenca para vocês. Mas eu tô desesperada atrás de voto, eu preciso da vaga logo, eu preciso do médico, eu preciso do remédio " (sic), diz Bruna na gravação.
Após a declaração, eleitores e políticos oferecem uma salva de palmas a Bruna. Rubens Furlan e a mãe da candidata, Sônia, aparecem na gravação, além de vereadores da cidade.
A "tia Ana" a que Bruna se refere é Ana Lisboa, chefe de gabinete de Maurício Tundisi, secretário de Saúde de Barueri, ou "doutor Maurício".
O vídeo foi gravado em setembro de 2009. A legislação eleitoral só permitiu o início das campanhas em julho 2010. "Estive em um evento em Itapevi com mais de mil pessoas. Cumprimentei cada um, na entrada e na saída", afirmou Bruna.
Na gravação, Bruna Furlan narra encontros que havia feito com eleitores e pede aos que a ouvem que divulguem sua campanha e a ajudem a ganhar votos. "Peço minha agenda tá aberta peço aos senhores, que são formadores de opinião, me levem até seus amigos, num aniversário de uma família grande, uma visita ao comércio, andar na feira, o que for. A gente tem que fazer política todos os dias, não pode perder a oportunidade", diz a candidata no discurso.
A denúncia foi feita ao TRE pelo Diretório Estadual do PT. O partido sustenta que, além da compra de votos, houve antecipação ilegal da campanha eleitoral.
Bruna tem 27 anos, é evangélica e, segundo a mãe, Sônia Furlan, é a única dos três filhos que herdou do pai o gosto pela política. "Nunca imaginava estar aqui na candidatura da minha filha, e isso me passou pela cabeça agora. Porque a Bruna sempre foi uma menina que gostava de comício", contou a primeira-dama de Barueri no evento realizado em prol da candidatura da filha, que foi registrado em vídeo.
O diretório do PT paulista pede ao TRE a cassação do registro de Bruna ou de seu diploma, caso seja eleita. Além disso, a sigla cobra a declaração de inelegibilidade do prefeito Rubens Furlan, do secretário de Saúde do município, e do secretário de Educação, Celso Furlan, irmão do prefeito.
Esta é a segunda vez nessa semana que a Prefeitura de Barueri e a campanha de Bruna Furlan ganham destaque nos jornais. Na última quinta-feira, reportagem da Folha mostrou que, no dia do comício de encerramento da campanha da tucana, o encerramento das aulas nas escolas municipais de Barueri foi antecipado em duas horas, para que professores e funcionários participassem do ato eleitoral.
Na ocasião, o prefeito disse que não sabia da liberação dos alunos. 'Eu convidei os funcionários que estavam de folga. Veio quem quis. Só quem está autorizado a cometer todas as mazelas do Brasil é o PT. Nós tomamos todos os cuidados', afirmou.
Celso Furlan, irmão do prefeito, também ganhou notoriedade, só que em um programa de TV. O CQC, da Band, doou uma televisão de plasma para a rede municipal de ensino. No presente, foi instalado um chip e o programa descobriu que, a TV que deveria estar em uma escola, havia ido parar na casa de uma funcionária da Secretaria de Educação.
Procurada pela Folha, a campanha de Bruna Furlan não quis comentar o vídeo. "Nós não tivemos acesso ao vídeo e ainda não fomos notificados. Se entraram com ação no TRE, vamos responder", afirmou o coordenador da campanha, Jonatas Randal.
Por meio do secretário de Comunicação, a Secretaria de Saúde afirmou que a "Secretaria de Saúde atende a todos, sempre com atenção e em condição de igualdade, sem privilégios".
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