'Foi tudo de acordo com a lei', diz general que chefiava extinto SNI
O general da reserva Newton Cruz, que chefiou a agência central do SNI (Serviço Nacional de Informações) na época da destruição dos papéis, diz não se recordar do ato, mas afirma ter seguido a legislação em vigor.
"Foi tudo de acordo com a lei da época. O SNI existia para assessorar o presidente da República na política do governo. É um órgão de informação, e a informação nascia de um processamento doutrinariamente resolvido. Ele cumpriu o papel dele e terminou aí", afirmou.
Ditadura destruiu mais de 19 mil documentos secretos
Para o general, documentos produzidos a partir de informantes do SNI deveriam ser todos destruídos.
"Documento foi destruído para você não deixar aparecer pessoas que não tinham nada [a ver] com o problema, mas que tinham sido informantes e que tinham entrado no problema sob a garantia do sigilo profissional. Esses não podiam ir adiante."
Cruz disse "ter o maior interesse" na divulgação dos atos que assinou: "Pode vir à tona à vontade."
Para ele, a história do combate à guerrilha do Araguaia (1972 a 1974), foi "foi escondida" pelas Forças Armadas, mas "foi um esconderijo burro". Na época, ele era adido militar na Bolívia e disse ter tomado conhecimento da guerrilha só anos depois. "Se você está combatendo uma guerrilha, vai ter o máximo interesse de que o país saiba que está havendo uma guerrilha contra o governo. Por que esconder? Esconde até que um dia aparece."
O tenente-coronel da reserva Osmany Meneses de Carvalho, 75 anos, que também assina alguns termos de destruição, disse que a inutilização "era parte da rotina".
"Periodicamente, nós fazíamos a revisão do arquivo. O que não valia mais era descartado, não era nem avaliado por mim. Eu era apenas encarregado da localização de documentos. Esses documentos eram coisas que não tinha mais nada a ver com a história, coisas passadas", afirmou.
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