Em sabatina, Freixo diz que Paes tem apoio de milícias no Rio
O candidato do PSOL à Prefeitura do Rio, Marcelo Freixo, disse nesta quinta-feira que o atual prefeito e candidato à reeleição, Eduardo Paes (PMDB), tem em sua base de apoio integrantes de milícias.
Segundo ele, parlamentares que compõem a base governista na Câmara Municipal têm ligação com os grupos. Para o candidato do PSOL, a milícia, diferentemente do tráfico de drogas, é o única organização criminosa que reverte o domínio de territórios em ganhos políticos.
"Tem foto publicada em vários lugares do atual prefeiro com donos de cooperativas de vans, muitos deles indiciados, presos ou mortos. Há diversos vereadores da base política do governo integrantes da milícia. É só você ver por quais partidos essas pessoas se elegem", disse Freixo durante sabatina Folha/UOL. (veja abaixo a íntegra da sabatina)
Segundo ele, o transporte alternativo, regulado pelo governo municipal, é basicamente dominado por cooperativas ligadas às milícias. Sua proposta é acabar com as licitações de linhas de vans para cooperativas e passar a contratos individuais.
"É uma ilusão achar que a segurança é uma questão exclusivamente estadual. O braço econômico fundamental da milícia é o transporte alternativo. Não vamos permitir que as áreas controladas pelas milícias tenham licitações para cooperativas", afirmou.
APOIO
Com menos de dois minutos no programa eleitoral na TV, o candidato do PSOL minimizou a falta de apoio que seu partido tem.
Questionado durante a sabatina se o seu governo não seria frágil diante de uma possível maioria oposicionista na Câmara Municipal, Freixo disse que sua proposta é reunir uma participação maior da sociedade civil organizada.
Segundo Freixo, a Câmara Municipal do Rio é um local obscuro e distante da população. "Do jeito que está hoje basta financiar centro social e empregar parente de vereador para ter maioria. Não é essa maioria que eu quero. O que eu quero é uma sociedade civil organizada. As pessoas não sabem quem são os seus políticos", afirmou.
Questionado se seu projeto de campanha, sem grandes aliados, não seria um tanto romântico, Freixo foi enfático e disse que seu projeto é de criar um novo modelo de política na cidade do Rio de Janeiro.
"Primeiro, não tenho nada contra o romantismo. Estamos propondo uma nova política de fato. A juventude entendeu esse recado. Hoje o orçamento de Nova York, por exemplo, só é aprovado pela Câmara depois de passar pelo comitê de moradores. E olha que eu não estou nem falando de Cuba, para não deixar ninguém assustado", disse.
Freixo disse que atualmente no Rio a população não é convocada para dar sua opinião nos projetos da cidade.
"Hoje vivemos a cidadania do aplauso. O cidadão não é consultado."
OLIMPÍADA
O candidato do PSOL também defendeu que os contratos para obras das Olimpíada de 2016, que vai acontecer na cidade, sejam revistos. O candidato afirmou que respeitará e manterá uma "relação republicana" no cumprimento desses contratos.
"Nós vamos cumprir com todos os contratos, a começar pelo primeiro, que é a constituição. Eu não concordo com certos contratos em que o valor do aditivo é superior que o do principal. Isso é inconstitucional", afirmou durante sabatina Folha/UOL.
Segundo Freixo, o número de contratos sem licitação com a Delta, empreiteira investigada pela CPI do Carlinhos Cachoeira, aumentou 190% no governo atual. "Eu não sei se todos esses contratos têm que ser cumpridos. Se eles tiverem dentro da lei e forem importantes, sim."
CARNAVAL
Durante a sabatina, Freixo também explicou sua proposta para mudar a administração do Carnaval do Rio.
O candidato defendeu que a administração do evento deixe de ser de responsabilidade da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba) e passe a ser exclusivamente da prefeitura.
A proposta de Freixo é que as escolas apresentem contrapartidas culturais em seus desfiles para receberem dinheiro do governo municipal. Ele criticou o modelo atual, em que todas as escolas recebem dinheiro da prefeitura e muitas, ainda assim, recebem patrocínios de marcas e governos de outros Estados. É por conta desse motivo que o desfile no Rio apresentou escolas com samba enredo, por exemplo, sobre iogurte.
"A escola tem direito de escolher o samba que ela quiser, mas tem que haver uma contrapartida cultural. A escolha de um samba relacionado a uma marca não tem contrapartida cultural. O que tem é uma partida econômica para a empresa patrocinadora", disse.
Outra questão que Freixo prometeu combater é o fato de as escolas não terem de prestar contas de seus gastos. O candidato ironizou o fato de o Carnaval do Rio ser um dos poucos eventos do mundo em que o público é obrigado a pagar o ingresso com dinheiro.
"Se a escola pegou dinheiro público, ela tem que prestar conta. Ninguém fala nisso."
SABATINAS
As sabatinas no Rio são realizadas no Teatro dos Quatro, à rua Marquês de São Vicente, 52, no shopping da Gávea (zona sul).
Os candidatos são entrevistados por Paula Cesarino Costa, diretora da sucursal do Rio da Folha, Cristina Grillo, secretária de redação da sucursal, Danuza Leão, colunista do jornal, e Josias de Souza, colunista do UOL. Amanhã será a vez de Paes ser sabatinado a partir das 11h.
Os internautas podem sugerir perguntas pelo site do UOL (empresa pertencente ao Grupo Folha, que edita a Folha) ou pelo Twitter, com a hashtag #SabatinaFolhaUOL.
As inscrições para participar das sabatinas estão abertas.
Os interessados devem enviar e-mail para evento folha@grupofolha.com.br ou telefonar para 0/x/11/3224-3473 ou 0/x/21/3231-9357, das 14h às 18h.
É preciso informar o nome completo, o telefone, o RG e de quais sabatinas deseja participar.
Veja a íntegra da sabatina com Marcelo Freixo
1ª parte:
2ª parte:
3ª parte:
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