Apesar de arrecadação maior, gasto na saúde em SC é insuficiente
Eleito em 2010 com a saúde como carro-chefe, Raimundo Colombo (PSD) elevou a arrecadação de Santa Catarina em quase 20%, mas ainda tenta atingir o mínimo obrigatório de gastos na área.
Enquanto isso, a gestão já ultrapassou o limite de alerta de gastos com pessoal e sofre acusações de inchaço da máquina e de descaso na segurança pública.
Estreante no cargo, Colombo aumentou as despesas com saúde de de 9,8% a 11,9% da receita --índice ainda abaixo dos 12% legais. Ele diz que irá chegar ao percentual até o fim do ano e que vem mudando "conceitos e gestores" para gastar melhor.
"Às vezes deputados, prefeitos e até freiras dizem: 'Se o senhor não der R$ 500 mil o hospital vai fechar'. Muitas vezes só resta dizer 'está aqui o dinheiro'", diz o governador, para quem os municípios "investem pouco" no setor.
Os gastos com pessoal saltaram de 42% para 47% da receita --entre os limites de alerta (46,5%) e máximo da (49%) da Lei de Responsabilidade Fiscal.
James Tavares/Secom | ||
O governador de Santa Catarina Raimundo Colombo (centro) visita hospital em reforma, em Florianópolis (SC) |
O secretário da Fazenda, Antonio Gavazzoni, diz que o aumento se deve a acordos firmados em gestões passadas e ao pagamento de pisos nacionais, como o do magistério. "A folha está sob controle e a tendência é baixar."
O economista João Sanson, professor aposentado da Universidade Federal de Santa Catarina, diz que o gasto com funcionalismo está "muito alto", mas vê relação com o aumento nas despesas com educação --23,5% para 28,4% da receita nesta gestão.
Para a oposição local, a elevação na folha é resultado de política de "cabide de empregos". Citam as secretarias regionais de desenvolvimento criadas na gestão passada, de Luiz Henrique (PMDB), e mantidas por Colombo --são 36 pastas em 295 cidades.
Para o governador, eleito com apoio do PMDB, esses órgãos aceleram a "resolução de pequenas coisas" e consomem só 0,03% da folha. "O foco [das críticas] é mais político que real", diz Colombo, que trocou o DEM pelo PSD no primeiro ano de governo.
VIOLÊNCIA
Colombo conta com base ampla no Legislativo (31 dos 40 deputados) e mantém as contas do Estado "saudáveis", na avaliação do Sindifisco (fiscais da Fazenda estadual). Sua eventual campanha à reeleição, contudo, terá que lidar com críticas na área de segurança.
Santa Catarina enfrentou ondas inéditas de violência em novembro de 2012 e fevereiro de 2013 --foram 182 ataques em 54 cidades, a maioria incêndios a ônibus e tiros contra prédios públicos.
"Isso aconteceu pela fragilidade do sistema de segurança. Falta efetivo e equipamento", disse o deputado e sargento Amauri Soares (PDT). Colombo diz que o Estado investe no setor e respondeu aos ataques prendendo e julgando criminosos.
Afirma que o cargo lhe trouxe quilos e cabelos brancos a mais, e ainda não diz se disputará a reeleição --se o fizer, deverá ter como principal rival o senador Paulo Bauer (PSDB). "Não sou ambicioso a ponto de ser [candidato] de qualquer jeito, e também não posso ser covarde de dizer que estou fora", desconversa.
Editoria de arte/Folhapress |
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