Unicamp anuncia criação de Comissão da Verdade
A Unicamp anunciou a criação de uma Comissão da Verdade e Memória para investigar violações dos direitos humanos ocorridos na universidade durante a ditadura militar e o envolvimento da instituição com o regime.
A comissão leva o nome do sociólogo Octavio Ianni, professor emérito da Unicamp que foi aposentado compulsoriamente da USP pelo AI-5, em 1969.
Segundo portaria assinada pelo reitor José Tadeu Jorge, a comissão está autorizada a recolher depoimentos de professores, funcionários e alunos e a acessar documentos de todos os órgãos da universidade.
O resultado dos trabalhos será encaminhado à Comissão Nacional da Verdade e à Comissão da Verdade do Estado de São Paulo. Existe ainda a possibilidade de mudança no regimento geral da Unicamp, cujas disposições disciplinares mantêm, segundo documento da Congregação do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), "transcrição do Decreto-Lei 477, braço universitário do AI-5".
As atividades da comissão começarão em um seminário nesta quinta-feira (17), presididas pela professora Maria Lygia Quartim de Moraes (IFCH).
Em e-mail enviado à Folha, Moraes citou entre os casos a serem investigados a prisão e tortura do professor de história Ademir Gebara, em 1975, e as ameaças de morte sofridas pelo então doutorando em economia Luiz Gonzaga Belluzzo, que teve de abandonar o país para não ser preso.
São membros titulares da comissão os professores Wilson Cano (economia), Yaro Burian Júnior (engenharia elétrica), Ângela Maria Carneiro (ciência política) e o advogado Eduardo Garcia de Lima.
A portaria prevê um ano de atuação da comissão, prazo que pode ser prorrogado.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade