Decisão sobre processo de cassação contra Cunha fica para esta quarta
Pedro Ladeira/Folhapress | ||
Deputados durante reunião nesta terça (1º) do Conselho de Ética que debateu processo contra Cunha |
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), conseguiu protelar mais uma vez o trâmite de seu processo de cassação. Após quase seis horas de discussão, a sessão do Conselho de Ética foi suspensa e será retomada nesta quarta (2).
Nesta terça (1), Cunha contou com a ajuda do Planalto e de petistas no conselho, que discutem abertamente salvar o mandato do peemedebista em troca do congelamento dos pedidos de impeachment contra Dilma Rousseff.
Zé Geraldo (PA), um dos três petistas no Conselho de Ética da Câmara, afirmou que o governo está sob "chantagem" e cobrou uma ação do Supremo Tribunal Federal no sentido de afastar Cunha do cargo. "Estamos votando não com a faca, mas com a metralhadora no pescoço, todo mundo sabe que o Cunha trabalha com essa arma. A metralhadora está na mão do Cunha", disse o petista.
Para ele, o voto não é pela salvação de Cunha, mas pela "salvação do país, da economia e do emprego".
Devido a manobras de aliados do peemedebista, que gastaram boa parte do tempo com questionamentos protelatórios, a sessão do Conselho durou além do previsto e foi encerrada quando começou a votação no plenário do Congresso, quase às 21h, como manda o regimento.
Com isso, os deputados acabaram não votando o parecer preliminar de Fausto Pinato (PRB-SP), que é favorável à continuidade do processo contra Cunha.
Dos 21 integrantes titulares do Conselho, seis se manifestaram contra Cunha e apenas um a seu favor -o deputado Wellington Roberto (PR-PB), que apresentou um voto em separado propondo uma pena branda, apenas uma censura.
"Não precisa expressar tanto rancor para se condenar um colega. [...] O que falta aqui é mais humanidade e irmandade", disse, o que lembrou frase de 2009 do então deputado Edmar Moreira (MG), que disse ser difícil cassar colegas devido ao "vício insanável da amizade".
Nas últimas semanas, o Planalto vem trabalhando para enterrar o processo contra Cunha por dois motivos: barrar qualquer ação pró-impeachment e possibilitar a aprovação do pacote de ajuste fiscal no Congresso.
Apesar dessa articulação, a direção do PT e metade da bancada de deputados federais deu sinais públicos a favor do prosseguimento do processo contra o presidente da Câmara.
Rui Falcão, presidente do partido, defendeu em rede social a continuidade do processo contra Cunha. Mais de 30 deputados petistas, de uma bancada de 60, assinaram e distribuíram manifesto pregando o voto anti-Cunha e dizendo que o peemedebista ataca instituições e pratica "toda a sorte de chantagens".
Com o apoio dos integrantes do PT no conselho, a tendência é que o relatório de Pinato seja derrotado e o caso de Cunha, arquivado sob o argumento de falta de indícios mínimos de participação em irregularidades.
Na sessão desta terça, a oposição –até recentemente aliada a Cunha em prol do impeachment– acusou o PT e o presidente da Câmara de patrocinarem uma negociata.
Na ocasião, o advogado de defesa de Cunha, Marcelo Nobre, disse que a denúncia contra seu cliente "não prova nada" e é fruto de "delação torturada".
O presidente da Câmara é investigado por esconder contas milionárias no exterior, o que ele negou em depoimento à CPI da Petrobras, e foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República sob a acusação de envolvimento no escândalo da Petrobras. A denúncia é baseada em várias delações.
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PLACAR NO CONSELHO DE ÉTICA - Deputados votam se abrem ou não processo de cassação de Cunha
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